7 de setembro de 2014

PÁTRIA AMADA BRASIL!

Pr. Gilson Souto Maior Jr
Pastor da Igreja Batista do Estoril
Bauru-SP 

Hoje, 7 de setembro de 2014, o nosso país comemora sei 192º ano da independência política de Portugal. Sabemos, entretanto, que a história é bem diferente do que gostaríamos de pensar, pois se olharmos a história não vemos nada glamouroso nela. Nossa independência foi comprada enquanto todos os países da América Latina lutaram contra a metrópole; fomos o último país das Américas a abolir a escravidão, o único a adotar o sistema monarquista e quando veio à República somente os militares estavam à frente do processo. Nesses quase duzentos anos tivemos dois imperadores (Pedro I e Pedro II), um período de regência (1831-1840), trinta e cinco presidentes (9 militares e 23 civis), duas juntas militares, dois golpes e sete constituições.
Numa visão ainda mais crítica não temos muito do que nos orgulhar. No Índice de Progresso Social (IPS) o Brasil é o 46º entre 132 países. Na educação, segundo a UNESCO (2012), 8,7% da nossa população é analfabeta. De acordo com o PNAD/IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), 18,3% dos brasileiros são considerados como analfabetos funcionais. No ranking da educação estamos entre os cinco piores, mais precisamente em 38º lugar.
Quanto à segurança e a violência temos que amargar, segundo o Mapa da Violência, pois somos o 7º país mais violento do mundo. Em 2012 o país chegou a 152 assassinatos por dia ou 56 mil por ano. Isso significa 1,4 massacres do Carandiru por dia. As vítimas em sua maioria são homens (11 vezes maior que das mulheres), jovens (30 mil em 2012) entre 20 a 24 anos. Depois do homicídio, o que mais mata em nosso país é o trânsito com, o quarto mais violento do mundo, com uma projeção de mais de 48 mil mortes para 2014; e depois tivemos um crescimento de 33% nos suicídios em dez anos.
E olha que não falamos de outras coisas. Vivemos uma epidemia de dengue, caos na saúde, falta de remédios, médicos sobrecarregados, hospitais sucateados, gente morrendo aos milhares, universidades sucateadas, escolas abandonadas, aposentados cada vez ganhando menos e milhões de pessoas endividadas com uma economia parada. Em outras palavras, estamos no meio de um furacão e não temos luz no fim do túnel.
O que nós como cristãos precisamos fazer? Devemos seguir a orientação de Deus aos exilados em Babilônia: “Empenhai-vos pela prosperidade da cidade, para onde vos exilei, e orai ao SENHOR em favor dela; porque a prosperidade dela será a vossa prosperidade. Pois assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos deixeis enganar pelos profetas e adivinhos que vivem entre vós, nem deis ouvidos aos sonhos que eles sonham por vós” (Jeremias 29:7,8). O que Deus queria dizer com isso?
Em 597 a.C. O rei Joaquim e sua corte foram exilados para Babilônia com o que havia de melhor em Judá, entre eles os profetas Ezequiel e Daniel. Nabucodonosor II havia deixado um rei-fantoche no lugar (Zedequias) e esperava com isso cessar toda e qualquer rebeldia dos judeus. No entanto, muitos judeus escreviam aos exilados que os profetas estavam pregando a libertação e a destruição de Babilônia, com o retorno do rei para Jerusalém. O que poucos acreditavam é que aqueles profetas eram falsos e a mensagem deles era pura fantasia, de modo que Deus ordena a Jeremias a escrever uma carta aos exilados para que eles orassem pela Babilônia e trabalhassem para o bem daquele lugar.
Talvez nós olhemos tudo ao nosso redor e pensemos: “Como vou orar por isso aqui? Somente com a Vinda de Cristo isso aqui vai tomar jeito”. De fato, Cristo colocará tudo no lugar, mas enquanto Ele não vem e o tempo de Deus não se concretiza precisamos pensar o que nós, como filhos do Reino, podemos fazer nessa nação que Deus permitiu que nascêssemos? Como podemos brilhar como luz nas trevas que cercam o Brasil?
Primeiro, temos que nos lembrar de que toda essa distorção que existe em nosso país é fruto do pecado na raça humana. Imoralidades, corrupção, pobreza, miséria, engano, violência e tantas outras coisas nada mais são que o reflexo do pecado na sociedade. Não podemos olhar essas coisas como apenas distorções socioeconômicas, pois na verdade a distorção está no coração humano. Para isso, precisamos orar pelo Brasil e rogar a misericórdia de Deus.
Em segundo lugar, precisamos agir como cidadãos responsáveis e assumir a postura cristã, não aceitando os vícios de nossa cultura, mas exercendo a contracultura cristã na nossa sociedade. O fato de o Brasil ser conhecido como o país do “jeitinho”, da ética frouxa e conveniente, não pode ser usada como desculpa pelo povo de Deus. Precisamos ter cuidado para não cair na lábia dos “falsos-profetas” que tentam passar sonhos e ilusões em detrimento do compromisso real que precisamos ter com Cristo e Sua vontade.
E finalmente, devemos ser agentes da paz bendita. No hebraico temos o vocábulo shalom, “paz, prosperidade, bem-estar”. Nossa presença precisa ser de paz e harmonia em nossa sociedade. Isso não significa dizer que aceitaremos tudo, mas “[...] no que depender de vós, vivei em paz com todos os homens” (Romanos 12:18). Às vezes nossas posições não serão aceitas e trarão a oposição de muitos; entretanto, agiremos sempre em favor do bem-estar da sociedade, seguindo os valores de Deus para que as pessoas vejam em nossas atitudes coerência e verdade.

Que desafio é viver num país tão desigual e injusto! Mas foi nessa terra que Deus nos colocou para que em nossa peregrinação até à pátria celestial possamos deixar um legado para a eternidade. Aqui nessa linda e amada terra ainda há muita gente que precisa ser alcançada; oremos e trabalhemos pelo bem-estar de nosso querido Brasil.

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