13 de julho de 2013

Simplesmente Pastor

Pr. Gilson Jr.
Hoje vivemos uma onda nas igrejas de pessoas que querem títulos e ser honrados mais por eles do que pelo estilo de vida. Antes, para alguém ser um pastor necessitava de um testemunho veemente da igreja; sua vida, família, atitudes e principalmente a vida devocional, a piedade e o temor do Senhor eram ressaltadas como aspectos importantes para ser reconhecido como ministro de Deus.
No entanto, hoje em dia essas coisas estão fora de moda. O pastor hoje é o CEO de uma corporação chamada Igreja. Muitos veem nisso uma oportunidade de ascender socialmente e quando alcançam esse lugar não demoram em acrescentar títulos pomposos. Não querem mais ser chamados de pastor, mas de bispos, apóstolos e alguns ainda querem o título de patriarcas. O pior é que a maioria esmagadora das pessoas que frequentam os templos de nosso país não sabe o que significam essas aberrações e apoiam essas coisas como se fossem coisas de Deus. Por isso vemos com tristeza os escândalos envolvendo “pastores” que manipulam pessoas para alcançar seus desejos pessoais.
E nisso sofre o Evangelho de Cristo e os verdadeiros discípulos do Senhor. Aqueles que foram chamados verdadeiramente para exercer o ministério pastoral e que se esforçam para viver uma vida digna que traga a glória de Deus são confundidos com os enganadores. A verdade é que a maioria das pessoas hoje em dia tem preconceito com a figura pastoral, e a desconfiança tem razão de ser.
O que a Bíblia nos diz? Paulo escrevendo ao jovem pastor Timóteo disse: “Esta palavra é digna de crédito: Se alguém almeja ser bispo, deseja algo excelente. É necessário que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, equilibrado, tenha domínio próprio, seja respeitável, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho nem à violência, mas amável, inimigo de discórdias, não ganancioso. Deve governar bem a própria casa, mantendo os filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não deve ser novo na fé, para que não se torne orgulhoso e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos de fora, para que não seja envergonhado nem caia na armadilha do Diabo” (1Timóteo 3:1-7).
Primeiramente vale salientar que na igreja primitiva não existia nenhum tipo de hierarquia. O líder da igreja era chamado de Presbítero (gr. presbyteros), ou ancião (a ideia é de alguém experimentado, mais maduro). Mas ele também era chamado de Bispo (gr. epískopos), um termo que aponta alguém que supervisiona um trabalho. Os termos são intercambiáveis com a ideia do pastoreio: “De Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso... ‘Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue’.” (Atos 20:17,28; cf. Efésios 4:11; 1Pedro 5:1,2). Fica evidente que o ensino bíblico mostra que essa questão de títulos ou hierarquização não existia. Essa busca por títulos e reconhecimento humano não condiz com o ensino das Escrituras.
Em segundo lugar, para ser pastor a Escritura deixa claro que há um padrão a ser seguido. O pastor precisa ser irrepreensível (gr. anepílêmptos), ou seja, alguém impassível de ser preso, além da reprovação, que vive assim tanto fora quanto dentro de casa; alguém que seja bem casado (marido de uma só mulher), alguém equilibrado (gr. nêphálios), ou seja, sóbrio, de mente limpa. O pastor precisa ter domínio próprio (gr. sôphrôn), autocontrolado, moderado, que seja respeitável (gr. kósmios), isto é, alguém ordeiro, que cumpre os deveres e o ordenamento da vida interior e que expressa isso na vida exterior. O pastor precisa ser hospitaleiro (gr. philoxenos), com sua casa sempre aberta para suprir as necessidades das pessoas, mestre (gr. didaktikós), apto para ensinar, alguém sem vícios (gr. mê pároinon), que aqui está ligada ao hábito de ser escravo do vinho. O pastor deve amar a paz e não a violência (nem à violência, mas amável), alguém que não traz discórdia (inimigo de discórdias), alguém que não ama o dinheiro (gr. aphilárgypos).
Não bastassem todas essas recomendações, Paulo ainda acrescenta que o pastor deve “governar bem a própria casa, mantendo os filhos em sujeição, com todo o respeito”, o que implica que ele deve administrar bem seu lar, pois o primeiro ministério a ser exercido é em casa. Não deve ser alguém novo na fé, um neófito (gr. neóphytos). A palavra grega implica em alguém recém-plantado, pois é um alvo fácil do diabo para cair na tentação do orgulho. E o mais importante, “Também é necessário que tenha bom testemunho dos de fora”. Ou seja, os incrédulos precisam nos ver e reconhecer que somos diferentes e tenham respeito por causa de nossas atitudes.
Que pena que tantas pessoas gostam de títulos, mas seus títulos não lhes dão a autoridade de uma vida exemplar. Muitos querem ser pastor sem ter a vida digna exigida pela Escritura; muitos querem ser pastores para exercer um poder sobre outros, apenas para massagear o ego e os desejos pecaminosos. O mundo não precisa de gente assim; a igreja de Cristo não precisa de pessoas que querem dominar as ovelhas do Mestre como ditadores gananciosos.
Ser pastor é ser chamado para glorificar unicamente Aquele que o salvou; ser pastor é ser servo, sofrer como o Senhor sofreu, chorar como Ele chorou, depender do Pai como Ele dependeu. Ser pastor é seguir os passos de Cristo até a cruz, sem olhar para trás. Ser pastor é liderar com amor e graça, com firmeza sem brutalidade, manso sem ser fraco, à frente do rebanho, mas sempre apontando para o Pastor verdadeiro. Ele não preocupa-se com o título, mas apenas ser aquilo pelo qual foi chamado para ser, mordomo do Mestre, simplesmente pastor.

Uma ótima semana com abraços fraternos em Cristo. Pr. Gilson Jr.

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