Jornalista Nonato Nunes |
A palavra pacto está para os agrupamentos humanos assim como o oxigênio
está para a vida na terra. As sociedades se sustentam graças ao estabelecimento
de certas regras as quais têm por objetivo primordial a funcionalidade do
conjunto societário em bases harmônicas visando ao bem-estar comum. Mas em
alguns casos ocorre o rompimento por razões as mais diversas. Em 1776, nos
Estados Unidos, houve a ruptura do pacto colonial quando as forças nativas se
voltaram contra o poder da metrópole. Em 1789, na França, ocorreu o rompimento
do pacto social, e todo um país se voltou contra as instituições que, por
séculos, subestimaram a capacidade de reação do povo oprimido. No México, em
1910, a ruptura desse pacto teve por causa um conjunto de fatores bastante
difusos: opressão, repressão e injustiça social. Depois vieram Guatemala, Cuba.
Nicarágua e El Salvador.
No Brasil, vimos, nos últimos anos, o rompimento de um pacto que
diríamos tácito entre os meios de comunicação de massa e o cidadão. Essa
ruptura se fez, notadamente, nas relações entre o telespectador e as grandes
redes de televisão do país. Como o processo se deu de maneira bastante veloz,
seu impacto só fora percebido por poucos observadores. Mas o fato é que as
redes sociais funcionaram como um meio pelo qual a mensagem se difundiu com uma
velocidade espantosa e jamais vista. Ligando elos de uma cadeia comunicativa
permanentemente interligada, as redes sociais tornaram o receptor completamente
independente quanto à informação. Antes essa mesma informação era elaborada em
salas fechadas, climatizadas e trabalhadas no sentido de atender a interesses
empresariais e/ou a agentes ideológicos os quais podiam manipular a informação
e divulgá-la com conteúdo viciado. Na outra ponta dessa cadeia estava o
telespectador (no caso da televisão). Este recebia a informação e não tinha
como checar sua veracidade, pois não havia interatividade entre o emissor e o
receptor.
As redes sociais, desta forma, não apenas democratizaram os meios de
comunicação como puseram em xeque o verdadeiro papel dos meios de comunicação
de massa, os únicos com os quais o cidadão pôde contar até hoje. Essa ruptura
surge agora e se configura como a última fronteira entre os meios de
comunicação de massa e o cidadão, ávido por informações com credibilidade e
independente dos “laboratórios de manipulação”. As grandes redes de televisão,
que por anos a fio estabeleceram os seus próprios critérios de informação,
agora se veem diante de uma espécie de ameaça real contra o seu reinado, que,
no Brasil, começou em 1950 com o paraibano Assis Chateaubriand.
O impacto dessa revolução ainda não foi absorvido por completo pela
população brasileira. No momento atual o que se nota é uma espécie de
atordoamento por parte da população e até mesmo pelos próprios manifestantes.
Mas o processo é contínuo e sequenciado. Logo estará completamente absorvido
pela sociedade brasileira, pois, já não será mais uma novidade. Mas o recado
foi dado a todos, e no caso específico dos meios de comunicação, as grandes
redes de televisão do país terão de se adaptar a essa nova realidade que teve
início com um simples clique e ganhou as ruas. Com as redes sociais o cidadão é
o “dono do seu próprio nariz”.
Agora é aguardar a sequência dos fatos.
Um abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário