Clóvis de Melo, radialista e poeta |
Conheci Clóvis de Melo no
ano de 1965. Foi precisamente no prédio onde funcionava a Rádio Caturité, na
Peregrino de Carvalho, 331, segundo andar, pertinho da feirinha de frutas,
proximidades da antiga estação rodoviá.
Alertado pelo amigo Orlando Eugênio, amigo de infância, responsável pela locução da Difusora do Bairro do Catolé, fui tentar a sorte numa seleção para locutores na emissora da Diocese de Campina Grande. Ele foi quem primeiro me deu oportunidade de usar microfone.
Minha imagem, em 1965, aos 17 anos quando chegava à querida Rádio Caturité |
Essa chance foi, justamente, no serviço de alto-falantes, que funcionava numa sala próxima da sacristia da igrejinha da Rua Barão da Passagem, pertinho do convento do bairro, o qual não sei se ainda existe, que tinha como diretor o Padre Cipriano, um espanhol muito agradável. Foi lá que eu perdi o medo do microfone, lendo avisos da paróquia e das programações festivas do bairro. Aprendizado que valeu! Não é que fui aprovado no teste. Fiquei muito feliz! Após a leitura de alguns textos e leitura de uma crônica, veio a ordem: para! Estou reprovado, pensei! Foi quando chegou Evandro Barros, homem de rádio e teatro, acompanhado de um gordinho, que, depois se apresentaria como Clóvis de Melo. Os dois se aproximaram e sorrindo, Evandro afirmou: “menino, que interpretação fantástica da crônica sobre Nabucodonosor”! Lembro, falava sobre a grandiosidade e beleza dos jardins suspensos da Babilônia. Clóvis, por sua vez perguntou se eu já
tinha trabalhado em rádio. Nunca, respondi. Estás aprovado, menino, disse
Evandro.
Foi o meu primeiro
contato com Clóvis de Melo, um poeta, folclorista e contador de causos e
histórias engraçadíssimas. Foi com ele, Edmilson Antônio e Kalil Félix, que eu
aprendi a trabalhar na elaboração de notícias, a fazer reportagens e, em pouco
tempo, conquistando a confiança de todos, principalmente do Clóvis, passei a
ser o noticiarista do Rádio Repórter RC e do noticiário Jornal CATURITÉ, às 7
horas da manhã, o mais ouvido informativo do rádio campinense no final dos anos
sessenta.
Ao lado de Clóvis de
Melo, fizemos programas humorísticos, no horário do almoço, ao lado de Deodato
Borges, com quem ainda gravamos durante anos, “As Aventuras do Flama”, eu como
os personagens, Cicatriz e o Monstro de Ferro, Clóvis, por sua vez, fez sucesso
como “Bolão”, que nos tempos da Borborema, foi interpretado pelo querido amigo
Walmir Chaves, hoje residindo em Barcelona.
Clóvis, foi quem primeiro
apresentou o programa “Postal Sonoro”, ainda hoje no ar, com uma audiência
enorme na área rural da região. Eram mensagens, num estilo bem da época! “Para
Carlos Alberto, que hoje parte para o Rio de Janeiro, a sua noiva Ana Cleide
residente em Campo D’Angola, com o coração partido de saudades, oferta-lhe esta
mensagem sonora” – Amo-te, na voz de Carlos Alberto. (kkkkk) Era mais ou menos assim.
Mas, foi com o “Forró da
Taba Lascada”, onde ele fez um sucesso enorme, rodando música regionais e
declamando as suas poesias matutas. Quem não se lembra do poema “EM CIMA DA
CAMA”?
Foram momentos
inesquecíveis, com a presença sempre alegre desse amigo, que foi um dos
responsáveis pela minha formação profissional e, certamente, como pessoa, como
cidadão, orientando-me e apontando os caminhos a seguir, como um verdadeiro
amigo/irmão.
Ao lembrar o grande poeta
e defensor da cultura regional, Clóvis de Melo Azevedo, nascido no Sítio Cumarus,
de Pedra Lavrada, lembro a sua bonita família, na companhia da sua querida
Maria das Neves – a Nevinha, uma amiga minha, até hoje, e dos seus queridos
filhos.
Clovis de Melo Azevedo (5 agosto 1940 - 22 de fevereiro de 1996)
Leiam
esse trabalho poético do querido Clóvis
Em Cima da Cama
Clóvis de Melo*
Fui dormir numa pensão
Mas terminei não dormindo,
Porque no quarto encostado
Um chamego eu fui ouvindo
Quando fui pegar no sono
O sol já vinha saindo.
Clóvis de Melo*
Fui dormir numa pensão
Mas terminei não dormindo,
Porque no quarto encostado
Um chamego eu fui ouvindo
Quando fui pegar no sono
O sol já vinha saindo.
Uma voz era de homem
E a outra de mulher
Ele dizia: me ajude
Faça força se puder
Ela dizia: o que é isso?
eu ajudo, se quiser.
E a outra de mulher
Ele dizia: me ajude
Faça força se puder
Ela dizia: o que é isso?
eu ajudo, se quiser.
Ele disse: vá pra cima
Ela disse: eu tou cansada
Bote aí que eu dou um jeito
Vê se dou uma aprumada
Empurre aí um pouquinho
Oh, que luta aperriada!
O homem dizia: aguënte
Assim nem entra nem sai
E ela dizia: empurra
Disse ele: assim não vai
Vamos logo os dois pra cima
Pois senão a gente cai.
Quando disse os dois em cima
Eu pensei: isto é loucura
Já não aguentando mais
Resolvi aquela altura
Ver aquela arrumação
E brexei na fechadura
Vi no buraco uma coisa
Que me fez perder a fala,
Era um velho e uma velha
Numa luta sem escala,
Cada um botando força
Para fechar uma mala.
Ela disse: eu tou cansada
Bote aí que eu dou um jeito
Vê se dou uma aprumada
Empurre aí um pouquinho
Oh, que luta aperriada!
O homem dizia: aguënte
Assim nem entra nem sai
E ela dizia: empurra
Disse ele: assim não vai
Vamos logo os dois pra cima
Pois senão a gente cai.
Quando disse os dois em cima
Eu pensei: isto é loucura
Já não aguentando mais
Resolvi aquela altura
Ver aquela arrumação
E brexei na fechadura
Vi no buraco uma coisa
Que me fez perder a fala,
Era um velho e uma velha
Numa luta sem escala,
Cada um botando força
Para fechar uma mala.
Grande amigo,nos ajudou muito em campina grande e nos inspirou a estudar,Deus concerteza o colocou em um local digno.
ResponderExcluirPorque nao encontro mais informacoes sobre clovis de melo
ResponderExcluirLivros etc
Alguém tem algum programa gravado da rádio katurite do Clóvis de melho,por gentileza diga onde eu possa encontrar
ResponderExcluirQueria ver o poema : A jumenta bela roxa
ResponderExcluirEu sou paraibana e ouvi muitas vezes o programa do Clóvis de melo
ResponderExcluirAcompanhei muito o Clóvis de melo !
ResponderExcluirTenho procurado muito a poesia vicenssa ! E não encontro ! me chamo ( ramos) moro em sp!
Eu gostava do programa chapéu de couro nos anos 70 apresentado pó cloves de melo hoje estou morando no Rio de Janeiro.
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