13 de janeiro de 2018

Eu e Clóvis de Melo, nos bons tempos da Caturité


Clóvis de Melo, radialista e poeta 
Conheci Clóvis de Melo no ano de 1965. Foi precisamente no prédio onde funcionava a Rádio Caturité, na Peregrino de Carvalho, 331, segundo andar, pertinho da feirinha de frutas, proximidades da antiga estação rodoviá. 

Alertado pelo amigo Orlando Eugênio, amigo de infância, responsável pela locução da Difusora do Bairro do Catolé, fui tentar a sorte numa seleção para locutores na emissora da Diocese de Campina Grande. Ele foi quem primeiro me deu oportunidade de usar microfone.
 Minha imagem, em 1965, aos 17 anos quando
chegava à querida Rádio Caturité 

Essa chance foi, justamente, no serviço de alto-falantes, que funcionava numa sala próxima da sacristia da igrejinha da Rua Barão da Passagem, pertinho do convento do bairro, o qual não sei se ainda existe, que tinha como diretor o Padre Cipriano, um espanhol muito agradável. Foi lá que eu perdi o medo do microfone, lendo avisos da paróquia e das programações festivas do bairro. Aprendizado que valeu! Não é que fui aprovado no teste. Fiquei muito feliz! Após a leitura de alguns textos e leitura de uma crônica, veio a ordem: para! Estou reprovado, pensei! Foi quando chegou Evandro Barros, homem de rádio e teatro, acompanhado de um gordinho, que, depois se apresentaria como Clóvis de Melo. Os dois se aproximaram e sorrindo, Evandro afirmou: “menino, que interpretação fantástica da crônica sobre Nabucodonosor”! Lembro, falava sobre a grandiosidade e beleza dos jardins suspensos da Babilônia. Clóvis, por sua vez perguntou se eu já tinha trabalhado em rádio. Nunca, respondi. Estás aprovado, menino, disse Evandro.

Foi o meu primeiro contato com Clóvis de Melo, um poeta, folclorista e contador de causos e histórias engraçadíssimas. Foi com ele, Edmilson Antônio e Kalil Félix, que eu aprendi a trabalhar na elaboração de notícias, a fazer reportagens e, em pouco tempo, conquistando a confiança de todos, principalmente do Clóvis, passei a ser o noticiarista do Rádio Repórter RC e do noticiário Jornal CATURITÉ, às 7 horas da manhã, o mais ouvido informativo do rádio campinense no final dos anos sessenta.
Ao lado de Clóvis de Melo, fizemos programas humorísticos, no horário do almoço, ao lado de Deodato Borges, com quem ainda gravamos durante anos, “As Aventuras do Flama”, eu como os personagens, Cicatriz e o Monstro de Ferro, Clóvis, por sua vez, fez sucesso como “Bolão”, que nos tempos da Borborema, foi interpretado pelo querido amigo Walmir Chaves, hoje residindo em Barcelona.

Clóvis, foi quem primeiro apresentou o programa “Postal Sonoro”, ainda hoje no ar, com uma audiência enorme na área rural da região. Eram mensagens, num estilo bem da época! “Para Carlos Alberto, que hoje parte para o Rio de Janeiro, a sua noiva Ana Cleide residente em Campo D’Angola, com o coração partido de saudades, oferta-lhe esta mensagem sonora” – Amo-te, na voz de Carlos Alberto.  (kkkkk) Era mais ou menos assim.
Mas, foi com o “Forró da Taba Lascada”, onde ele fez um sucesso enorme, rodando música regionais e declamando as suas poesias matutas. Quem não se lembra do poema “EM CIMA DA CAMA”?
Foram momentos inesquecíveis, com a presença sempre alegre desse amigo, que foi um dos responsáveis pela minha formação profissional e, certamente, como pessoa, como cidadão, orientando-me e apontando os caminhos a seguir, como um verdadeiro amigo/irmão.     
Ao lembrar o grande poeta e defensor da cultura regional, Clóvis de Melo Azevedo, nascido no Sítio Cumarus, de Pedra Lavrada, lembro a sua bonita família, na companhia da sua querida Maria das Neves – a Nevinha, uma amiga minha, até hoje, e dos seus queridos filhos.
Clovis de Melo Azevedo (5 agosto 1940 - 22 de fevereiro de 1996) 

Leiam esse trabalho poético do querido Clóvis
Em Cima da Cama 
Clóvis de Melo* 


Fui dormir numa pensão 

Mas terminei não dormindo,           
Porque no quarto encostado 
Um chamego eu fui ouvindo 
Quando fui pegar no sono 
O sol já vinha saindo. 
Uma voz era de homem 
E a outra de mulher 
Ele dizia: me ajude 
Faça força se puder 
Ela dizia: o que é isso? 
eu ajudo, se quiser. 



Ele disse: vá pra cima 
Ela disse: eu tou cansada 
Bote aí que eu dou um jeito 
Vê se dou uma aprumada 
Empurre aí um pouquinho 
Oh, que luta aperriada! 

O homem dizia: aguënte 
Assim nem entra nem sai 
E ela dizia: empurra 
Disse ele: assim não vai 
Vamos logo os dois pra cima 
Pois senão a gente cai. 

Quando disse os dois em cima 
Eu pensei: isto é loucura 
Já não aguentando mais 
Resolvi aquela altura 
Ver aquela arrumação 
E brexei na fechadura 

Vi no buraco uma coisa 
Que me fez perder a fala, 
Era um velho e uma velha 
Numa luta sem escala, 
Cada um botando força 
Para fechar uma mala. 

7 comentários:

  1. Grande amigo,nos ajudou muito em campina grande e nos inspirou a estudar,Deus concerteza o colocou em um local digno.

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  2. Porque nao encontro mais informacoes sobre clovis de melo
    Livros etc

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  3. Alguém tem algum programa gravado da rádio katurite do Clóvis de melho,por gentileza diga onde eu possa encontrar

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  4. Eu sou paraibana e ouvi muitas vezes o programa do Clóvis de melo

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  5. Acompanhei muito o Clóvis de melo !
    Tenho procurado muito a poesia vicenssa ! E não encontro ! me chamo ( ramos) moro em sp!

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  6. Eu gostava do programa chapéu de couro nos anos 70 apresentado pó cloves de melo hoje estou morando no Rio de Janeiro.

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