25 de dezembro de 2014

O NATAL COMO PROPICIAÇÃO

Geralmente nessa época as pessoas falam de Natal como “renascimento”, como celebração da vida e coisas afins. Entretanto, quando olho para o Natal vejo-o como a esperança de Deus derramada sobre a humanidade perdida e caótica; e diretamente ligada à esperança vejo a propiciação como finalidade última do nascimento de Cristo.

 Pr..Gilson Souto Maior Jr. - Igreja Batista do Estoril - Bauru -SP

O apóstolo João faz essa conexão entre a vinda de Cristo e Sua obra vicária: “Nisto está o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1João 4:10). O que significa a propiciação? Significa satisfazer as exigências da justiça. Em termos bíblicos, significa satisfazer as exigências da ira de Deus. Deus coloca o pecado e o mal sob Seu julgamento e declara que derramará Sua ira sobre eles. Paulo deixa isso evidente quando afirma: “Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus ofereceu como sacrifício propiciatório, por meio da fé, pelo seu sangue, para demonstração da sua justiça. Na sua paciência, Deus deixou de punir os pecados anteriormente cometidos; para demonstração da sua justiça no tempo presente, para que ele seja justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:23-26).
Segundo a doutrina do Novo Testamento, somos salvos de Deus e de Sua ira pelo próprio Deus. Cristo tornou-se nosso substituto, levando sobre Si à ira que merecíamos pagar, a penalidade que era devida à nossa culpa para satisfazer as exigências da justiça de Deus. Essa obra expiatória tem a ver diretamente conosco, pois um dos benefícios da justificação é a remissão do pecado, sendo esse retirado de nós. Expiar significa consertar, apagar a ofensa e dar satisfação por erros cometidos, reconciliando assim as pessoas separadas e restaurando a relação delas.
Por isso a Escritura diz que os seres humanos precisam fazer a reparação de seus pecados. O problema é que não temos poder em nós mesmos para isso. O nosso pecado ofende a santidade do Criador; a natureza de Deus odeia o pecado (cf. Jeremias 44:4; Habacuque 1:13) e por isso o pune (cf. Salmo 5:4-6; Romanos 1:18; 2:5-9). Nossas melhores ações não podem reparar esse pecado e buscar uma justiça própria diante de Deus é algo vão (cf. Jó 15:14-16; Romanos 10:2,3). É nesse pano de fundo de desesperança que a Escritura anuncia o amor, a graça, a misericórdia, a bondade e a compaixão de Deus encarnada na pessoa bendita e gloriosa de Jesus Cristo. O Criador ofendido provê a expiação necessária através de Seu Filho. Essa ação da graça é celebrada no Natal. Não podemos nos esquecer de que ao nascer Jesus trazia consigo a esperança da salvação.
Quando o Senhor tirou Israel do Egito instituiu na relação com Seu povo um sistema de sacrifícios que tinha como centro o derramamento e oferta do sangue de um animal sem defeito “[...] para fazer expiação por vós, porque é o sangue que faz expiação pela vida” (Levítico 17:11). Esses sacrifícios apontavam para algo além, pois era um sinal que apontava para a redenção final em Jesus Cristo. Ao morrer na cruz o Senhor Jesus fez expiação de todos os pecados cometidos antes do evento e por todos aqueles que seriam cometidos depois (cf. Romanos 4:3-8; Hebreus 9:11-15).
Natal aponta exatamente para isso, pois Deus nos amou e enviou Seu Filho para morrer de forma propiciatória, inaugurando uma nova aliança, dando acesso pleno a Deus em todas as circunstâncias. Seu sacrifício é a garantia de que todas as transgressões foram perdoadas e por meio de Cristo somos feitos justiça de Deus (cf. Mateus 26:27,28; 1Coríntios 11:25; 2Coríntios 5:21; Hebreus 9:15; 10:12-18).
Jesus nasceu como a boa notícia de Deus trazia a solução para o nosso maior problema: o pecado. A morte de Cristo foi o ato de Deus de nos reconciliar consigo, superando Sua própria hostilidade contra nós provocada pelo pecado (Romanos 5:10; 2Coríntios 5:18,19; Colossenses 1:20-22). E foi através de Sua morte que recebemos a redenção, o fim da culpa, da escravidão do pecado e da expectativa da Sua ira (cf. Romanos 3:24; Gálatas 4:4,5; Colossenses 1:14).
Perceba que João estava certo. Não fomos nós que amamos a Deus, mas que fomos amados por Ele e Seu maior ato de amor foi enviar Seu Filho amado por pecadores dignos do inferno. Natal é a mensagem da graça que veio para trazer redenção e restauração da comunhão entre o ser humano e Deus. Portanto, celebre o Natal com olhos não apenas na manjedoura, mas principalmente na cruz, pois o que ocorreu em Belém tinha por finalidade o Calvário. Entre Belém e o céu há uma cruz que é o ápice da obra de Jesus Cristo


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