Todos os anos a cena se repete: durante o final do ano as casas ficam
iluminadas, o comércio faz promoções bombardeando as pessoas a presentearem
amigos e parentes para demonstrar o “carinho e amor”; as lojas e shoppings fazem
ornamentações cheias de árvores de Natal, homens vestem-se de Papai Noel para
alegrar as crianças com balas e doces e em alguns lugares encontramos presépios
que retratam uma ideia vaga que um dia, num lugar muito distante, nasceu uma
criança com uma mensagem de esperança e paz e que alguns homens foram guiados até
esse lugar por uma estrela misteriosa.
Gilson Souto Maior Junior, Pastor Sênior da Igreja Batista do Estoril |
Entretanto, parece-nos que não há muito significado nisso, pois as
pessoas geralmente valorizam mais a festa do que o motivo real, os presentes e
a confraternização do que Aquele que motivou todas as coisas e que é o maior
presente dado à humanidade. Misturam-se ideias desconexas de modo que o Natal
tornou-se mais comercial – com implicações econômicas intensas para o país – do
que algo que nos faça refletir sobre o amor de Deus pela humanidade.
Quem é Jesus? Talvez para alguns seja alguém no mínimo mítico, uma
invenção de mentes geniais que criaram um ícone em cima de alguém real e que
hoje ninguém mais sabe quem é. Entretanto, essa busca é algo em vão, pois o
Jesus mítico não existe. Negar a historicidade de Jesus é algo absurdo, pois as
fontes extrabíblicas confirmam Sua pessoa e influência. Públio Cornélio Tácito
(55-120 d.C.), historiador romano e governador da Ásia, genro de Júlio
Agrícola, que foi governador da Bretanha (80-84 d.C.), ao escrever sobre o
reinado de Nero (54-68 d.C.) refere-se à morte de Cristo e a existência de
cristãos em Roma: “Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à
morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério [...]” (Anais XV.44). A
falta de espaço aqui não nos permite citar Flávio Josefo (37-100 d.C.), Luciano
de Samosata (125-180 d.C.), Suetônio (70-130 d.C.), Plínio, o jovem (61-112
d.C.), Talo de Samaria (52 d.C.), Sexto Júlio Africano (século II d.C.), enfim,
vários textos antigos que atestam a historicidade de Jesus e que o mostram como
um personagem histórico, não mítico.
Quem é Jesus? Para alguns Ele foi uma pessoa que veio para servir de um
exemplo moral aos homens, um “espírito iluminado” que não foi compreendido
pelos homens de sua época. Se essa é a sua visão sobre Ele, infelizmente ela é
incompleta e inconsistente. Quem olha para Jesus e o vê como um mero mortal,
não muito diferente de outros ícones religiosos como Buda, Confúcio, Maomé ou
Dalai Lama, não O compreendeu ainda. Essa visão coloca Jesus como um Nobel da
Paz, um filósofo pacifista com uma mensagem de amor. Entretanto, Jesus foi além
de qualquer líder religioso ou filósofo, pois Ele afirmou ser Deus e não deixou
nenhuma outra opção. Essa afirmação deve ser verdadeira ou falsa; caso seja
verdadeira, então Ele é o Senhor e Deus sobre tudo; mas caso seja falsa, então
Ele seria ou mentiroso ou lunático.
Jesus Cristo não é um “espírito iluminado” que veio trazer uma mensagem
de amor ao mundo. Ele não era um filósofo incompreendido dentro da cultura judaica,
um mero profeta ou mártir. Ele definiu a Si mesmo como a revelação pessoal do
Deus do Antigo Testamento: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados;
porque, se não crerdes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados [...] Jesus lhes
respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, Eu
Sou” (João 8:24,58). Não foi a toa que os judeus, ao O ouvirem falar assim,
desejavam apedrejá-lO, pois compreenderam que Ele estava dizendo que era o Deus
revelado no Sinai a Moisés (cf. Êxodo 3:14).
Sim, há uma diferença gritante do Jesus como ícone religioso, da ficção
humana e o Jesus real. Muitos vão tentar questionar os relatos do Novo
Testamento, dizendo que os textos foram manipulados para favorecer a
interpretação bíblica. Todavia, essa argumentação perde seu efeito com as
evidências arqueológicas e históricas. O Novo Testamento possui mais de 24 mil
manuscritos e atesta 98% de fidelidade textual, algo sem igual na literatura
antiga. Qualquer manipulação seria facilmente notada, mas a verdade é que os
textos antigos revelam Jesus como Àquele que é a promessa cumprida do Antigo
Testamento, o Filho de Deus que nasceu para morrer pelos pecadores.
Se você crê apenas num ícone religioso, então Jesus será apenas uma
memória barata e sem significado, um moralista, um filósofo, um pensador que é
citado aqui e acolá, mas sem repercussão na vida diária. Se você crê numa
ficção, então Jesus não será relevante, apenas um exemplo teórico de como a
humanidade pode criar seus heróis imaginários; será mais fácil crer em Papai
Noel. Para ambos os casos Jesus será apenas um bebê na manjedoura do presépio.
No entanto, quem experimenta a pessoa verdadeira de Jesus Cristo sabe
muito bem o que Ele pode fazer. Ele nasceu para morrer pelos pecados e pelos
pecadores, trazendo a redenção, salvação e a libertação. Ele nasceu como a Boa
Notícia de Deus, como a salvação única e infalível, eterna e poderosa para
transformar qualquer coração. Como nos diz João: “O amor de Deus para conosco
manifestou-se no fato de Deus ter enviado seu Filho unigênito ao mundo para que
vivamos por meio dele. Nisto está o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas
foi ele quem nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”
(1João 4:9,10).
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