Vivemos numa época difícil, onde o
terror, a angústia, a solidão, a tristeza, o medo e o desespero assustam a raça
humana. Quando olhamos a nossa sociedade vemos que há algo errado, pois o ser
humano perdeu totalmente o valor da vida e da existência; as pessoas amam as
coisas e usam as pessoas, onde as relações humanas estão cada vez mais virtuais
e menos reais. As pessoas não conversam sem um smartphone na
mão, e assim, já não há mais olho no olho, apenas dedos rápidos que teclam ao
léu.
Gilson Souto Maior
Junior,
Pastor Sênior da
Igreja Batista do Estoril
Bauru – São Paulo
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É uma época assombrosa, pois as pessoas
morrem nos corredores dos hospitais – onde elas deveriam ser tratadas – e não
nos indignamos mais. Cabeças são cortadas literalmente do outro lado do mundo e
ficamos perplexos, mas milhares morrem assassinados aqui e não sentimos o mínimo
de aversão. A miséria e a pobreza assolam o planeta, mas continuamos consumindo
e sendo consumidos por um pensamento que nos diz que precisamos de coisas que
jamais usaremos, de necessidades artificiais que nos são colocadas como se isso
definisse o que somos. Hoje possuímos ar condicionado em casa, mas não podemos
ligá-los, pois não temos luz suficiente; e se há luz, ela é cara. Hoje podemos
mobiliar nossas residências com o que há de melhor, mas corremos o risco da
falta de água. Sim, há algo de errado no ser humano, pois ele vive aquilo que
Cornelius Castoriadis disse há 40 anos, a sociedade humana vive a
pseudorracionalidade arbitrária e sem nenhuma razão, onde “[...] o mundo
moderno é atormentado por um delírio sistemático” (CASTORIADIS, 1975, p.188).
Há luz no fim do túnel? Sim, mas o ser
humano não a deseja, pois essa luz expõe o que há de pior em nós. Ela revela
que somos pecadores, ingratos, insanos, orgulhosos, invejosos e arrogantes.
Essa luz mostra com clareza a depravação do gênero humano que não é curada pela
educação, pela melhoria das condições socioeconômicas e muito menos pela ideia
de que o ser humano é bom em sua gênese. Essa luz revela que “Eu nasci em
iniquidade, e em pecado minha mãe me concebeu” (Salmo 51:5), de modo que
todos nós nascemos nessa condição de rebeldia e inimizade contra o Criador.
Somos pecadores não porque fizemos algo, mas porque nascemos nessa condição e
assim essa natureza pecaminosa age em nós e se expressas nas atitudes que vemos
todos os dias: rebeldia, orgulho, traição, cobiça, maldade, corrupção,
insensibilidade, violência, preconceito, intolerância e tantas outras formas.
Sim, a luz no fim do túnel já veio e se
revelou ao ser humano: “A vida estava nele e era a luz dos homens” (João
1:4). Essa luz é um ser pessoal e não uma força cósmica, uma energia etérea, um
tipo de espírito iluminado. Essas concepções são humanas e nada falam acerca
Dele. A Escritura diz: “Pois a verdadeira luz, que ilumina a todo homem,
estava chegando ao mundo. O Verbo estava no mundo, e este foi feito por meio
dele, mas o mundo não o reconheceu. Ele veio para o que era seu, mas os seus
não o receberam” (João:1:9-11). A luz é também o Verbo (do grego logos);
essa luz já veio uma vez na pessoa histórica e real de Jesus Cristo. Ele estava
na criação com Deus, sendo Ele também criador de todas as coisas. Mas perceba
que João nos mostra que tanto o mundo como seu próprio povo o rejeitaram. Por
quê? “Porque todo aquele que pratica o mal odeia a luz e não vem para a luz,
para que as suas obras não sejam expostas. Mas quem pratica a verdade vem para
a luz, a fim de que se manifeste que suas obras são feitas em Deus” (João
3:20,21).
Sim, Jesus Cristo é a luz verdadeira.
Ele disse: “[...] Eu sou a luz do mundo; quem me seguir jamais andará
em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12; cf. 9:5). Essa é a diferença
de seguir a Jesus Cristo e ter uma religião; alguém pode ser extremamente
religioso, fazer boas obras e ainda assim permanecer nas trevas. Por quê?
Porque a religião não salva ninguém, ela não aponta nem nos leva a Deus, pois
ela se define através de atos e concepções humanas numa tentativa de o ser
humano justificar a si mesmo. A religião é a tentativa do ser humano criar Deus
segundo a sua imagem e semelhança.
Andar com Jesus Cristo implica em
relacionamento pessoal. Ele disse: “Eu vim como luz ao mundo, para que todo
aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (João 12:46). Permanecer
nas trevas é continuar nesse delírio sistemático que domina o mundo; é
permanecer escravo dos valores consumistas, do pecado de ser mais do que os
outros. Permanecer nas trevas é continuar vivendo no “olho por olho”, no
orgulho de ser o que não é e de viver na agonia de ter e não ser. Jesus veio
para nos libertar dessa concepção caótica que o pecado criou em nossa
sociedade. Jesus não veio para ser um mártir da paz, um exemplo para os seres
humanos, um injustiçado que representa os oprimidos da terra. Fuja dessas
concepções medíocres e que não apontam para a verdade.
Jesus Cristo veio para morrer pelos
nossos pecados, para nos ressuscitar e assim desfrutarmos de uma nova dimensão
relacional com o Deus. Ele veio para iluminar nossas trevas e mostrar o quanto
somos carentes da glória do Criador; Ele na cruz pagou o preço por nossos
pecados e todo aquele que Nele crê não apenas recebe o perdão, mas também é
justificado pela fé diante de Deus, tornando-se assim um filho Dele: “Mas a
todos que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes a prerrogativa de se
tornarem filhos de Deus” (João 1:12).
Há luz no fim do túnel? Sim, e ela está
disponível a qualquer pessoa em qualquer lugar. Basta arrepender-se de seus
pecados e crer na obra redentora da cruz. Convide-O a entrar em seu coração;
não rejeite a luz, mesmo que Ele lhe mostre a feiura de seu coração. Ao mesmo
tempo em que ela ilumina e mostra o que somos a luz de Cristo também nos aponta
para a restauração e nos ajuda a viver num mundo mergulhado nas trevas. Essa é
a única luz verdadeira e inesgotável!
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