Na Livraria do Luiz,
entre um cafezinho e outro, num bate papo, ou comentando um trabalho de
pesquisadores, historiadores e poetas paraibanos, a felicidade de um encontro,
que depois passou a ser quase constante.
Mário Fernandes, o baterista dos Gentlemans, Selenitas, Pedras Rolantes e Eles, conjuntos que encantaram a juventude pessoense, hoje um contabilista, mas também contador de boas histórias |
O personagem é Mário
Fernandes, um homem das ciências contábeis, mas, também, um defensor da cultura
do nosso Estado. Durante muitos anos defendeu a cultura musical de uma “época”,
60/70, a Jovem Guarda, linda, talvez, a mais bonita e rica da juventude de
todos os tempos, até agora.
Um jovem, permitam-me
afirmar, da minha faixa etária, com mais de sessenta, mas inteiro, com uma
cabeleira muito bonita, branca totalmente, mas, por inteiro repito, sem nenhuma
falha. A memória continua jovem (apesar dos seus 69) e o papo de um senhor, que
hoje divide esses momentos, com o seu trabalho no escritório de contabilidade.
Lembro-me dele, desde a
época de dois conjuntos famosos – The Gentlemans e Selenitas, os quais ele
integrou, como um dos bateristas dos mais competentes.
Gentlemans, um dos melhores conjuntos de João Pessoa e da Paraíba, na época da Jovem Guarda. Integrantes: Mário Fernandes, Hugo Guimarães (Huguinho), Célio (Celinho) e Givaldes Roque |
A juventude de João
Pessoa, principalmente, não se cansava de prestigiar e aplaudir esses dois
grupos, que foram motivos de orgulho para os jovens do período, em que
dançávamos e cantávamos, é certo, embalados pelo Beatles, Roling Stones,
Creendence, Roberto Carlos e Erasmo, Vanusa, Jerry Adriani, mas, também, com os
sucessos dos nossos valores, Gentlemans e Selenitas, esses conjuntos, dos nossos
Mário Fernandes, grande baterista, ele, nos Selenitas e Gentlamans, ao lado dos
irmãos Gilson e Geisa Reis, vindos de Campina Grande, onde atuaram na Rádio
Borborema, na época de ouro do auditório da então emissora dos Diários Associados,
Tarcísio, Júnior e Jarbas Mariz (isso, final dos anos 60 e começo de 78) e,
Dandan e Huguinho Guimarães (guitarra) e Givaldes Roque (baixista), ainda no
final dos anos 60 e metade dos anos 70.
Gilson Reis, Dandan, Tarcísio, Mario, Júnior e Jarbas Mariz, integram Os Selenitas, que também balançou a Jovem Guarda paraíbana |
Mário
Fernandes dividiu essas duas épocas nesses conjuntos, quando também brilhavam –
e ele faz questão de ressaltar – conjuntos como o de Ogírio Cavavalcanti, de
grandes nomes, entre eles, o próprio Ogírio e Gabmar Cavalcanti (seu irmão), Zé
Maria (Violão), Giovanni (bateria), Arlindo e Golinha (Piston), Ronaldo Soares
e Silvinha de Alencar (cantores), entre outros. “Como não lembrar ainda, os
meninos de Monteiro, com o famoso “O Jovens”, integrado pelo Flávio José,
atualmente um dos grandes nomes da música popular nordestina’ – arremata Mário
Fernandes.
Falando sobre o começo de
tudo, ele evoca os anos em que estudou no Lins de Vasconcelos, que contava com
a maioria dos integrantes desses conjuntos, nos quais atuou. Ele lembra, que
desse importante momento, uma presença foi marcante na história da música
paraibana. Estava surgindo o grande Zé Ramalho, um nome para ele dos mias do
cancioneiro nordestino.
Os jovens Jarbas Mariz, Zé Ramalho e Huguinho (Hugo Guimarães) |
“Ressalto, que meu primeiro momento na música foi no The
Gentlemans, o qual deixei, em 1978, e participei da fundação dos Selenitas.
Aliás, o conjunto “Pedras Rolantes”, foi o conjunto que encontrei, quando saí
do Gentleman. O nome Pedras Rolantes mudou para Selenitas”. Para o conjunto, Mário lembra que levou os
amigos Gilson e Geisa Reis, que inclusive, residiram em sua casa.
Recorda ainda, que o conjunto
começou a parar, por conta das formaturas de muitos dos integrantes, e,
consequentemente, a busca de outros espaços na vida, como novos profissionais. A
morte da mãe do amigo Jarbas Mariz, também contribuiu para isso. “Ficamos muito
tristes – ressalta Mário – pois éramos muito amigos. A Partida de Gilson e
Geisa, para Rio de Janeiro, foi ainda um motivador do final do conjunto. Eles
foram cantar no Rincão Gaúcho, para onde eu fui, também, tempos depois.”
Mário Fernandes faz
questão de destacar presenças importantes, durante sua trajetória como músico. “Como
esquecer Waltinho, um excelente acordeonista, do baterista Lelo, no Pedras
Rolantes (já falecido), além de Givaldes, Zé Ramalho e Poti, no conjunto que
tinha o nome de ELES? Todos eles, músicos de primeira linha – diz.”
Uma colocação do amigo
Mário Fernandes, que me chamou a atenção. “Diferentemente dos músicos de hoje,
amigo Gilson, nós não bebíamos durante toda um a apresentação ou festa.
Normalmente, cumpríamos a obrigação profissional, cantando, animando a programação
para a qual fomos contratados. Somente após, tomávamos nossa cervejinha (kkkk),
quando, é claro, enchíamos a lata. Haja cerveja (boa gargalhada) !!!
Finalizando, Mário afirma
ter saudades daqueles momentos, época de uma juventude sadia, de mais
empolgação do que vícios, de mais amor pela música, pela arte e cultura, de
mais respeito aos valores humanos. Hoje, quando quero lembrar aqueles tempos,
saio com a esposa para encontrar os amigos, e, não me envergonho de pegar as
baquetas e tocar o instrumento que mais gosto, a BATERIA, minha companheira de
tantos anos, nos tempos dourados da Jovem Guarda.
NOTA -
Dois
pauzinhos que servem para tocar instrumentos de percussão.
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