15 de outubro de 2015

SERÁ QUE JESUS EXISTIU MESMO? (parte 01)


 
Pr. Gilson Souto Maior Junior - Igreja Batista do Estoril
Bauru- São Paulo
A base do cristianismo é a crença de que Jesus Cristo é o Filho de Deus, isto é, o Deus manifesto em forma humana. As provas são abundantes e podemos confiar, pois como falamos na última semana, os documentos do Novo Testamento são dignos. A fidelidade do texto do Novo Testamento é baseada numa esmagadora quantidade de fatos, de modo que apoiam a confiabilidade do texto bíblico. Muitos céticos acusam que Jesus Cristo não é uma pessoa histórica, enquanto os muçulmanos acusam os cristãos de corrupção do texto bíblico e que Jesus não seria o Filho de Deus, mas apenas um profeta. Será mesmo que o Jesus que a Bíblia apresenta é uma farsa?
Primeiro, a historicidade do Novo Testamento é demonstrada pelos inúmeros manuscritos. Há três fontes que apoiam sua historicidade: os manuscritos gregos, as traduções antigas e as citações das Escrituras por autores cristãos. Os manuscritos gregos são os mais importantes e são encontrados em quatro classes: papiros, unciais (manuscritos em letras maiúsculas), minúsculos e lecionários (coleções de textos bíblicos encadernados para uso do culto público). Os números destes manuscritos são impressionantes: 88 manuscritos em papiro, 274 manuscritos unciais e 245 lecionários unciais. Os manuscritos unciais antigos são extremamente valiosos para estabelecer o texto original do Novo Testamento. Outros 2.795 manuscritos e 1.964 lecionários são minúsculos.
Uma característica de um bom manuscrito é sua idade e geralmente, quanto mais antiga a cópia, mais próxima da composição original ela está e menos erros de copistas apresenta. A maioria dos livros sobrevive em manuscritos que foram copiados cerca de mil anos depois do original. É raro ter, como a Odisséia, uma cópia feita apenas quinhentos anos após o original. A maior parte do Novo Testamento é preservada em manuscritos feitos menos de duzentos anos após o original (P45, P46, P47), sendo que alguns livros com pouco menos de cem anos após a sua composição (P66). O Novo Testamento é o livro antigo com maior precisão, indiscutível em termos de provas que sustentam sua autenticidade. Portanto, não houve nenhuma fraude em nenhum manuscrito para levar as pessoas crerem em Jesus como Deus.
Em segundo lugar, temos como provas pessoas contemporâneas ou testemunhas oculares que escreveram eventos descritos no Novo Testamento. Os críticos da Bíblia alegam ou sugerem que os documentos do Novo Testamento não são confiáveis, pois foram escritos pelos discípulos de Jesus ou por cristãos posteriores. Além disso, alguns desses afirmam que não há confirmação de Jesus em nenhuma fonte não cristã. Entretanto, as fontes não cristãs são abundantes e a primeira fonte que podemos observar são os historiadores antigos, principalmente de historiadores que foram contemporâneos dele ou viveram logo depois.
Por exemplo, Tácito (55-120 d.C.) era um romano do século I, considerado um dos historiadores mais precisos do mundo antigo. Ele nos oferece um registro do grande incêndio de Roma, pelo qual culparam o imperador Nero. Diz Tácito: “De modo que, para acabar com os rumores, acusou falsamente as pessoas comumente chamadas cristãs, que eram odiadas por suas atrocidades, e as puniu com as mais temíveis torturas. Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o problema teve início, mas também em toda a cidade de Roma” (Anais XV, 44) .Essa passagem contém referência aos cristãos, chamados assim por causa de Christus (Cristo em latim), que sofreu a pena de morte sob Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. O fato de ele afirmar que a “superstição”, que começou na Judéia e que chegou à Roma, seja muito provavelmente uma referência à ressurreição de Jesus.
Outro historiador é Seutônio (69-141 d.C.), secretário principal do imperador Adriano (117-138 d.C.), na qual encontramos duas referências importantes sobre Jesus. Na primeira ele diz: “Como os judeus, por instigação de Chrestus, estivessem constantemente provocando distúrbios, ele os expulsou de Roma” (Vida de Cláudio, 25.4). Noutra obra ele diz: “Nero infligiu castigo aos cristãos, um grupo de pessoas dadas a uma superstição nova e maléfica” (Vida dos Césares, 26.2). Segundo os estudiosos Chrestus seria uma referência a Cristo e que por causa dele (ou da pregação sobre Ele) alguns judeus causaram tumultos. Seutônio, ao escrever muitos anos mais tarde, não estava na posição de saber se os tumultos eram provocados porChrestus ou pelos judeus contra seus seguidores, mas de qualquer forma, Cláudio ficou aborrecido o suficiente para expulsar todos os judeus da cidade, inclusive os companheiros de Paulo, Áquila e Priscila, em 49 d.C.
Outra fonte é o judeu Flávio Josefo (37/38-100 d.C.) que no seu livro, Antiguidades, escrito por volta do ano 90 d.C., em duas passagens de grande interesse para nossa análise, relata um fato ocorrido quatro antes da guerra dos judeus contra Roma, em que fala da morte de Tiago, irmão de Jesus e líder da Igreja de Jerusalém: “[...] Anás achou que havia ocasião propícia para aproveitar, já que Festo morrera e que Albino ainda estava viajando. Convocou os juízes do Sinédrio e descreveu diante deles o irmão de Jesus chamado Cristo – seu nome era Tiago – e alguns outros. Acusou-os de haver transgredido a Lei e entregou-os para serem lapidados” (Antiguidades 20.9). Josefo fala de Anás o jovem, pois ele é o filho do sumo sacerdote Anás, sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote na ocasião da crucificação de Jesus (cf. João 18:13). Na ocasião da morte de Tiago, Anás era o sumo sacerdote e a morte de Festo ocorreu no ano 62 d.C. Alguns fariseus acusaram Anás de desrespeitar a lei romana, levando ao conhecimento de Albino, que estava em Alexandria, o fato da morte de Tiago. Com isso Anás perdeu o sumo sacerdócio.


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