Pr. Gilson Souto Maior Junior - Igreja Batista do Estoril Bauru- São Paulo |
Primeiro, a historicidade do Novo Testamento é demonstrada pelos
inúmeros manuscritos. Há três fontes que apoiam sua historicidade: os
manuscritos gregos, as traduções antigas e as citações das Escrituras por
autores cristãos. Os manuscritos gregos são os mais importantes e são
encontrados em quatro classes: papiros, unciais (manuscritos em letras
maiúsculas), minúsculos e lecionários (coleções de textos bíblicos encadernados
para uso do culto público). Os números destes manuscritos são impressionantes:
88 manuscritos em papiro, 274 manuscritos unciais e 245 lecionários unciais. Os
manuscritos unciais antigos são extremamente valiosos para estabelecer o texto
original do Novo Testamento. Outros 2.795 manuscritos e 1.964 lecionários são
minúsculos.
Uma característica de um bom manuscrito é sua idade e geralmente, quanto
mais antiga a cópia, mais próxima da composição original ela está e menos erros
de copistas apresenta. A maioria dos livros sobrevive em manuscritos que foram
copiados cerca de mil anos depois do original. É raro ter, como a Odisséia, uma cópia feita apenas quinhentos anos após o original. A maior parte
do Novo Testamento é preservada em manuscritos feitos menos de duzentos anos
após o original (P45, P46, P47), sendo que alguns livros com pouco menos de cem anos após a sua
composição (P66). O Novo Testamento é o livro antigo com maior precisão, indiscutível
em termos de provas que sustentam sua autenticidade. Portanto, não houve
nenhuma fraude em nenhum manuscrito para levar as pessoas crerem em Jesus como
Deus.
Em segundo lugar,
temos como provas pessoas contemporâneas ou testemunhas oculares que escreveram
eventos descritos no Novo Testamento. Os críticos da Bíblia alegam ou sugerem
que os documentos do Novo Testamento não são confiáveis, pois foram escritos
pelos discípulos de Jesus ou por cristãos posteriores. Além disso, alguns
desses afirmam que não há confirmação de Jesus em nenhuma fonte não cristã.
Entretanto, as fontes não cristãs são abundantes e a primeira fonte que podemos
observar são os historiadores antigos, principalmente de historiadores que
foram contemporâneos dele ou viveram logo depois.
Por exemplo, Tácito
(55-120 d.C.) era um romano do século I, considerado um dos historiadores mais
precisos do mundo antigo. Ele nos oferece um registro do grande incêndio de
Roma, pelo qual culparam o imperador Nero. Diz Tácito: “De modo que, para
acabar com os rumores, acusou falsamente as pessoas comumente chamadas cristãs,
que eram odiadas por suas atrocidades, e as puniu com as mais temíveis
torturas. Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à morte por
Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a
superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o
problema teve início, mas também em toda a cidade de Roma” (Anais XV, 44) .Essa
passagem contém referência aos cristãos, chamados assim por causa de Christus (Cristo em latim), que sofreu a pena de
morte sob Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. O fato de ele afirmar
que a “superstição”, que começou na Judéia e que chegou à Roma, seja muito
provavelmente uma referência à ressurreição de Jesus.
Outro historiador é Seutônio (69-141 d.C.), secretário principal do
imperador Adriano (117-138 d.C.), na qual encontramos duas referências
importantes sobre Jesus. Na primeira ele diz: “Como os judeus, por instigação
de Chrestus, estivessem constantemente provocando distúrbios, ele os expulsou
de Roma” (Vida de Cláudio, 25.4). Noutra obra ele diz: “Nero infligiu castigo
aos cristãos, um grupo de pessoas dadas a uma superstição nova e maléfica”
(Vida dos Césares, 26.2). Segundo os estudiosos Chrestus seria uma referência a Cristo e que por
causa dele (ou da pregação sobre Ele) alguns judeus causaram tumultos.
Seutônio, ao escrever muitos anos mais tarde, não estava na posição de saber se
os tumultos eram provocados porChrestus ou pelos judeus contra seus seguidores, mas de qualquer forma, Cláudio
ficou aborrecido o suficiente para expulsar todos os judeus da cidade,
inclusive os companheiros de Paulo, Áquila e Priscila, em 49 d.C.
Outra fonte é o judeu Flávio Josefo (37/38-100 d.C.) que no seu livro, Antiguidades, escrito por volta do ano 90 d.C., em duas passagens de grande
interesse para nossa análise, relata um fato ocorrido quatro antes da guerra
dos judeus contra Roma, em que fala da morte de Tiago, irmão de Jesus e líder
da Igreja de Jerusalém: “[...] Anás achou que havia ocasião propícia para
aproveitar, já que Festo morrera e que Albino ainda estava viajando. Convocou
os juízes do Sinédrio e descreveu diante deles o irmão de Jesus chamado Cristo
– seu nome era Tiago – e alguns outros. Acusou-os de haver transgredido a Lei e
entregou-os para serem lapidados” (Antiguidades 20.9). Josefo fala de Anás o
jovem, pois ele é o filho do sumo sacerdote Anás, sogro de Caifás, que era o
sumo sacerdote na ocasião da crucificação de Jesus (cf. João 18:13). Na ocasião
da morte de Tiago, Anás era o sumo sacerdote e a morte de Festo ocorreu no ano
62 d.C. Alguns fariseus acusaram Anás de desrespeitar a lei romana, levando ao
conhecimento de Albino, que estava em Alexandria, o fato da morte de Tiago. Com
isso Anás perdeu o sumo sacerdócio.
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