O dia 11 de outubro não é uma data especial apenas para Campina Grande, que celebra os seus 151 anos de emancipação política. A data marca também a história de uma das mais importantes instituições de ensino superior do Estado e que nasceu no pródigo solo da Rainha da Borborema: a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Nascida como Universidade Regional do Nordeste, em 1966, fruto da coragem, genialidade e abnegação de um grupo de pioneiros notáveis, o grande patrimônio dos campinenses e paraibanos de todas as regiões, chega aos seus 28 anos como UEPB. A Estadualização, conquistada em 11 de outubro de 1987, marcou o surgimento de um novo tempo na história da Instituição que, posteriormente, rompeu as fronteiras de Campina Grande e se transformou em patrimônio do Estado, um bem insubstituível do povo paraibano.
Passados 28 anos depois, quem relembra a história da UEPB recorda que a Estadualização somente foi possível graças ao esforço e a unidade de todos os setores da Universidade que se deixaram mover por um mesmo sentimento em prol da causa. Docentes, estudantes e servidores unificaram os discursos e partiram unidos para as trincheiras de luta. O envolvimento de toda a comunidade acadêmica chegou à sociedade.
Um dos acontecimentos que tornou mais próxima a conquista da Estadualização aconteceu em abril de 1987, no colégio das Damas, no Centro de Campina Grande, quando o então governador da Paraíba, Tarcísio de Miranda Burity, foi convocado para uma reunião na presença de toda a comunidade universitária. No encontro, um grupo de estudantes começou a clamar pela Estadualização, respaldados pelas palavras de vários docentes e líderes universitários. A princípio, o então governador resistiu em atender ao pedido, mas depois afirmou que a URNe não ficaria órfã na sua administração.
Foi então que uma Comissão foi instalada e ficou responsável por fazer um levantamento para verificar a viabilidade de transformar a URNe em UEPB. Essa Comissão passou a realizar uma série de reuniões em todos os departamentos da Instituição, além de espalhar o sentimento para a sociedade, em encontros realizados na União Campinense das Equipes Sociais (UCES), Associação de Moradores, Clubes de Mães e outras entidades que também passaram a defender a mesma bandeira. O sonho estava prestes a ser realizado.
Seis meses depois da histórica reunião nas Damas, precisamente no dia 11 de outubro de 1987, na gestão do reitor Sebastião Vieira, o então governador Tarcísio Burity assinou o Ato de Estadualização, tornando vitorioso o movimento dos três segmentos universitários. O ato aconteceu no Parque do Povo, como parte das comemorações do aniversário da cidade.
Para todos que se engajaram na luta pela conquista da Estadualização, o ato marcou o renascimento da UEPB, que estava muito fragilizada e correndo risco de deixar de existir. Assim, a Estadualização foi o coroamento da mobilização envolvendo as entidades dos professores, funcionários e alunos, lideranças políticas e entidades de classe.
A Lei nº 4.977, de 11 de outubro de 1987, abriu horizontes e descortinou novos caminhos para a UEPB, transformando a então URNe em uma instituição sólida, com vida longa e que se tornou uma das maiores universidades públicas do Nordeste brasileiro. Transcorridos 28 anos, a Universidade Estadual da Paraíba continua avançando, mesmo em meio às dificuldades. As ações de extensão aproximou ainda mais a Universidade da sociedade, a área de pós-graduação e pesquisa se consolidou e, hoje, são 21 mestrados e 5 doutorados aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (Capes). Hoje, a UEPB figura bem nos mais importantes rankings do País, obtendo notas e conceitos antes inimagináveis.
A Estadualização abriu caminho para o Reconhecimento do MEC e conquista da autonomia
Celebrar os 28 anos de Estadualização é, inevitavelmente, entrar no tempo e na história e relembrar outros fatos marcantes que tornaram a UEPB uma das colunas do desenvolvimento do Estado. A Estadualização foi apenas um dos capítulos da Instituição que, em 2016, celebra o seu Jubileu de Ouro. O processo de consolidação e crescimento, que ainda perdura nos dias atuais, foi marcado por lutas históricas e muitos desafios. Nessa travessia, a UEPB mostrou a sua capacidade de superação.
O Reconhecimento pelo Conselho Nacional de Educação do MEC, conquistado em 1997, tornou a UEPB uma Instituição de Ensino Superior consolidada e definitiva. O ato aconteceu no Centro de Convenções Raimundo Asfora, 10 anos após a Estadualização, e 30 anos depois da sua criação. O decreto foi assinado pelo então ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
Depois do Reconhecimento por parte do MEC, a luta e o sonho dos professores, estudantes e técnicos da UEPB passaram a ser pela conquista da Autonomia Financeira. E ela veio no limiar do Século 21 como coroamento do processo de consolidação da Instituição. Com a Autonomia concedida através da Lei n° 7.643, de 6 de agosto de 2004, sancionada pelo então governador Cássio Cunha Lima, no reitorado da professora Marlene Alves, a UEPB inaugurou uma nova fase em sua história.
Finalmente, a UEPB transpôs os limites geográficos da Borborema e irradiou as luzes da educação libertadora do Litoral ao Sertão paraibano. Com sua história de lutas e superação de adversidades, a Universidade Estadual da Paraíba, na gestão do professor Rangel Junior, oferta, hoje, mais do que 84 cursos e forma mais de 2 mil novos profissionais a cada ano. Ela está presente na vida do povo paraibano.
Dedicação a Paraíba e ao seu povo
Além de oferecer ensino de qualidade para mais de 18 mil alunos de graduação e receber mais de 5 mil novos alunos a cada ano, a UEPB atende cerca de 40 mil pessoas anualmente com prestação gratuita de serviços somente na área de Saúde. São tratamentos odontológicos e de fisioterapia, acompanhamento psicológico de crianças, jovens, adultos e idosos, exames laboratoriais e atendimento em Enfermagem para quem mais precisa, mas não tem condições de pagar por estes serviços.
Os alunos de baixa renda recebem assistência para estudar com tranquilidade. Por ano, são mais de 5.900 bolsas concedidas de transporte, alimentação, moradia estudantil, iniciação científica, extensão, monitoria, tutoria especial e bolsa evento. Com seus projetos e programas, a UEPB vai ao encontro dos que vivem em situação de risco.
Graças a Universidade, milhares de crianças se reaproximam da sala de aula e conseguem bom desempenho nos estudos; jovens e adultos são alfabetizados; o esporte, a música, a dança e a arte transformam vidas e revelam talentos antes desconhecidos; a terceira idade é valorizada, com cursos voltados para o público acima dos 60 anos; pessoas em privação de liberdade ganham nova chance através dos estudos. Com suas ações, a UEPB contribui para proteger o meio ambiente, arborizar cidades, combater a evasão escolar, melhorar a qualidade de vida das pessoas, estimular a agricultura familiar, incentivar a prática esportiva, fomentar a cultura, desenvolver a economia do Estado e promover o desenvolvimento da Paraíba.
Nos seus cursos de pós-graduação (5 doutorados, 21 mestrados e 29 especializações) cerca de 6 mil pessoas aperfeiçoam suas competências para o exercício da profissão. Atualmente, a UEPB possui mais de 700 pesquisas em desenvolvimento. Nos cursos técnicos, mais de 400 alunos se capacitam nas áreas de Agroecologia, Agropecuária e Ciências Agrárias. A UEPB também oferta graduação e pós-graduação na Educação a Distância. A cada ano, centenas de professores em atividade na rede pública, mas sem formação superior, são capacitados para a docência, o que melhora a educação oferecida aos estudantes. Com transparência e amor pela Paraíba, a UEPB trabalha pelo povo paraibano.
Texto: Severino Lopes e Tatiana Brandão
Fotos: Arquivo UEPB