Para muitos essa afirmação parece vazia
e sem sentido, pois a dependência num ser metafísico e invisível fere a razão.
Em geral aqueles que defendem a razão e negam a Deus adoram a si mesmos, a sua
própria lógica e não aceitam nenhum tipo de “interferência divina”, embora
sejam profundamente influenciados por ideologias e pensamentos de outras
pessoas.
Há aqueles que pensam nessa afirmação
como uma “síndrome da muleta” e não querem se apoiar em nada, ninguém ou coisa
alguma. Essas pessoas querem se sentir autossuficientes e capazes de resolver
seus próprios dilemas. O orgulho é a marca de tais pessoas, pois na verdade
elas usam outras muletas para “engolir” a realidade.
A verdade é que temos nenhum
livre-arbítrio e uma liberdade limitada, que está cerceada pela cultura em que
vivemos, pela educação que recebemos, pela tradição (familiar, cultural,
religiosa e social) e por outros meios que Deus planejou para cumprir Seu
propósito. Por exemplo, não escolhemos o país e a época em que nasceríamos; não
escolhemos os pais, a família e nem o nosso nome. Até mesmo coisas simples,
tais como sentar na sala e pegar o controle da televisão para assistir algum
programa não é fruto de uma escolha livre e consciente. A neurociência tem
trabalhado muito nesse campo e muitas de nossas ações são planejadas em áreas
de nossa mente que vão sendo formatadas pela genética, educação, cultura e
todas as experiências que vamos aprendendo na vida.
Então significa que não temos controle
de nada? Não necessariamente, pois nossas ações estão restritas aos limites em
que fomos colocados e até certo ponto temos algum controle; temos liberdade
para agir e algumas coisas são conscientes e outras são quase que automáticas.
Somos fruto de ações impensadas e da manipulação do cérebro? Sim e Não, pois o
cérebro é um órgão do corpo humano, formatado pelo Criador, algo que não tem
vida própria. Entretanto, podemos ser presas fáceis de nossa mente,
principalmente quando confiamos muito em nós mesmos e nos apoiamos plenamente
na razão ou na emoção. A verdade é que, mesmo com as descobertas maravilhosas
das sinapses e do mistério que ainda representa para o ser humano, o nosso
cérebro é apenas um instrumento e não o fator determinante. Não é a toa que o
sábio nos orienta com propriedade: “Confia no SENHOR de todo o coração, e
não no teu próprio entendimento” (Provérbios 3:5).
“Mas eu não acredito em Deus?”, diria
alguém mais chegado a um ateísmo pós-moderno com um viés mais marxista. Tudo
bem, eu não acredito em ateu; o termo pode ser lógico, mas é inapropriado.
Aqueles que se dizem ateus – e enchem a boca para dizê-lo – na verdade tem seus
deuses, de carne e osso; alguns vivem (Richard Dawkins, Sam Harris, Lawrence
Krauss) e outros já morreram (Marx, Sarte, Husserl, Darwin). Eles não creem na
Bíblia, mas possuem seus “livros sagrados” (O Capital, A origem das espécies,
entre outros). Não há ateus no sentido estrito da palavra, pois os que se
chamam dessa forma apenas sublimaram a razão e a colocaram como o ponto
transcendente, buscando em si mesmos alguma finalidade para a existência.
Sim, nós seres humanos necessitamos de
Deus! Fora Dele não há razão satisfatória para a existência humana ou cósmica.
Olhando a Criação vemos que a Terra e o Universo não poderiam ter surgido do
acaso, de uma mera explosão cósmica. Veja, por exemplo, que a Terra tem um
tamanho perfeito e a gravidade correspondente sustenta uma fina camada de gases
de nitrogênio e oxigênio, basicamente sobre a superfície do planeta. Nossa
atmosfera contém a mescla correta de gases para sustentar a vida. Se a Terra
fosse um pouco menor, uma atmosfera seria impossível, assim como Mercúrio; se a
Terra fosse maior, sua atmosfera conteria hidrogênio livre, como Júpiter
(CLARK, R.E.D., London: Tyndale Press). Ou seja, apesar de todas as descobertas
feitas no Universo de planetas, o único com uma atmosfera adequados para a vida
das plantas, os animais e os seres humanos é a Terra.
A Terra está à distância correta do
Sol, e assim a água existe nas três fases: sólida, líquida e gasosa. Se
aproximarmos a Terra do Sol, tal como Vênus está toda a água se evaporaria.
Afastando a Terra até uma distância igual à de Marte o reverso acontecia: toda
a água congelaria. Nestes dois casos não teríamos condições propícias à vida.
Ou seja, a Terra está localizada a uma distância exata do Sol; apenas uma
variação mínima impossibilitaria a vida no planeta. Sendo assim, pergunto: Será
que tudo isso aconteceu por acaso? Qual a chance do planeta Terra ter condições
específicas de vida a partir de uma combinação de explosão, acaso e milhões de
anos? Qual o propósito de existir apenas um planeta – e muitas buscas foram
feitas e todas sem sucesso – com condições de vida para a existência humana?
Qual o propósito da vida? Apenas existir, nascer, crescer, viver, envelhecer e
morrer? Muito pouco!
A verdade é que precisamos de Deus. A
Escritura é clara ao afirmar que Deus “[...] é poderoso e firme em seu
propósito” (Jó 36:5). Ou seja, cada coisa da Criação é manifestação de Seu
poder e projeto único para a humanidade. Negá-lO será loucura; ignorá-lO será
uma perda de tempo; aceitá-lO será o caminho da vida. Somos contingentes,
limitados e frágeis; crer e confiar em um Deus que sabe o nome de cada estrela
do Universo (Isaías 40:26) e que sustenta Sua criação é uma questão de bom
senso e fé. Sem Ele somos apenas uma sombra sem sentido; com Deus somos parte
de uma criação inteligente e proposital. Como disse Charles Spurgeon
(1834-1892): “A fé é a razão repousando em Deus”. Ou como disse Ian
Judson, professor de Ciências Naturais da Universidade de Cambridge:
“Dúvida é uma pergunta sincera. Descrença é não querer ouvir a resposta”.
Tenha uma boa semana em Cristo
Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.
Nenhum comentário:
Postar um comentário