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Pr. Gilson Jr. - Igreja Batista do Estoril Bauru - SP |
Não tenho dúvidas que estamos vivendo o
tempo do fim, pois os sinais da Vinda gloriosa de Cristo estão cada vez mais
visíveis. E não falo apenas de guerras e rumores de guerras, pestes, mortes e
das mudanças climáticas. Todos aqueles que aguardam com alegria a Parousia (Vinda,
presença, aparecimento, advento) de Cristo sabem que o Senhor não falou de um
evento metafísico, mas de algo real e evidente, onde “[...] todo olho o
verá, até mesmo aqueles que o traspassaram, e todas as tribos da terra se
lamentarão por causa dele” (Apocalipse 1:7). Mas enquanto esse dia não
chega como devemos viver? O apóstolo Pedro dá instruções preciosas em sua
carta.
O apóstolo Pedro cria na Vinda
eminente: “Mas já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, tende bom
senso e estai alertas em oração” (1Pedro 4:7). O fim aqui é telos,
o fim no sentido de conclusão. Essa era a esperança dos primeiros cristãos; por
isso eles trabalhavam arduamente na propagação do Evangelho e não tinham receio
de perder tudo, inclusive a vida, por causa de Cristo.
Alguns poderiam questionar: “Mas Cristo
não veio na era deles. Será que eles não estavam enganados? Será que nós também
não estamos enganados em pensar que a Vinda seja em nosso tempo? Não seria a
Vinda de Cristo marcada pela morte do crente e sua recepção no céu?”. Essas
perguntas são interessantes e precisam ser respondidas.
Primeiramente, os primeiros cristãos
não estavam enganados, pois naquele momento da Igreja o maior anseio deles era
a implantação do Reino. Entretanto, Jesus nunca disse que viria naquela
geração, mas garantiu que sua Vinda seria vista em todo o mundo. Ele deu
indicativos (guerras, terremotos, sinais nos céus e na terra, religiosidade
efervescente, esfriamento espiritual, apostasia, entre outros), mas foi
enfático ao afirmar: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e
todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo com poder
e grande glória sobre as nuvens do céu” (Mateus 24:30).
Também não estamos enganados em pensar
que Sua Vinda seja em nossa geração, pois é essa esperança que deve nos motivar
a caminhar nessa Terra. A vida cristã é vivida à luz da eternidade, pois “Se
a nossa esperança em Cristo é apenas para esta vida, somos os mais dignos de
compaixão entre todos os homens” (1Coríntios 15:19). Como cristãos temos a
esperança da ressurreição e a Vinda de Cristo marcará esse evento. Na Vinda de
Cristo, “[...] os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”
(1Tessalonicenses 4:16).
Por isso Pedro diz que precisamos ter
“[...] bom senso e estai alertas em oração”. Bom senso aqui (sôphronêsate)
significa “ser mentalmente sóbrio”, dando a conotação de “cabeça fria ou a
mente equilibrada”, que exerce autocontrole ou moderação (RIENECKER, ROGERS,
1988, P. 566). Por isso a vida cristã não implica em exageros, seja na busca de
riquezas, sucesso humano ou aparente espiritualidade. O cristão é alguém
equilibrado, que sabe por que vive neste mundo; o cristão vive unicamente para
a glória de Deus (cf. Efésios 1:3-12). Sim, ele não vive à busca de coisas ou
sentimentos como se deles necessitasse, mas vive para glorificar Aquele que
vive eternamente e que vem buscá-lo.
É por isso que o cristão vigia em
oração. E aqui há um detalhe interessante no texto grego, pois literalmente
diz: “[...] Sede, pois, sóbrios e vigilantes nas orações” (Bíblia Textual, p.
1256). O vocábulo “vigilante”, que a Almeida Século 21 traduz como “estai
alertas” é a palavra grega nêpsate, ou seja, “ser sóbrio, manter a
mente limpa, ter autocontrole”. Mas de onde procede esse autocontrole? Da
oração. Vemos aqui a mesma conexão feita por Jesus: “Portanto, vigiai, pois
não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mateus 24:42; cf. 25:13; Marcos
13:33,35,37; Lucas 21:36). A vida cristã nada mais é que um estilo de vida
piedoso, que alia sobriedade e autocontrole procedentes da oração. Mas alguém
poderia me questionar: “Por que a ênfase na oração? Parece que orar é algo
muito passivo”.
Esse é o problema da maioria dos
cristãos hoje em dia, pois estão tão desejosos de fazer tantas coisas que se
esquecem de que nossas obras são como trapos de imundícia (cf. Isaías 64:6) e
que ninguém será justificado por suas obras pessoais (cf. Romanos 4:2-6; 9:32;
Gálatas 2:16; 3:11). Não estou falando de que as obras não são importantes, mas
apenas pontuando de que, se pensarmos nas nossas obras como algo meritório,
estaremos nos igualando aos fariseus da época de Jesus.
A ênfase de Pedro na oração é
compreensível à luz do próprio texto. Sem oração fica muito complicado exercer
um amor fervoroso e constante, capaz de perdoar os pecados dos outros (4:8);
sem oração não dá para ser hospitaleiro sem queixar-se (4:9); sem oração não há
serviço que se expresse segundo a multiforme graça de Deus (4:10); sem oração
não há pregação da Palavra no poder de Deus e não há atitudes que, de fato,
tragam a glória do Senhor (4:11).
O cristão verdadeiro vive à luz da
eternidade, de cabeça fria em relação a esse mundo, vivendo de modo sóbrio e em
oração, fazendo diferença por onde passa, pois ele caminha aqui olhando o fim
da estrada, que acaba nos portais eternos, na Nova Jerusalém onde seu Senhor
lhe espera com a coroa da vida.
Tenha uma boa semana em Cristo
Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.
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