Muitos questionam a ação de Israel na
Faixa de Gaza e acusam a ação em nome dos milhares de mortos. No entanto,
precisamos analisar esse assunto sob diversos aspectos, pois ele é complexo e
não é como falar de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) num bairro
perigoso. Há aspectos históricos, políticos e religiosos profundos. Algumas
perguntas importantes podem esclarecer a questão ou pelo menos iluminar alguns
aspectos.
Pr. Gilson Souto Maior Jr. Igreja Btista do Estoril - Bauru - SP |
Quem são os judeus e palestinos? Os judeus são descendentes dos hebreus, um antigo povo semita e que
passou a dominar a região no século XV a.C. Os hebreus estavam divididos por
tribos e se governavam a partir de Juízes, formando um tipo de confederação
tribal. Mas no final do século XI a.C. os hebreus, pressionados pelos filisteus
mudaram seu sistema político e passaram a ser regidos por uma Monarquia. O
primeiro rei foi Saul da tribo de Benjamim, mas o ápice da monarquia foi
alcançada pelo rei Davi de Judá (1004-971 a.C.) e por seu filho Salomão
(971-931 a.C.). Nesse período Israel alcançou seu poder máximo na região, a
cidade de Jerusalém foi conquistada dos Jebuseus e o Templo de Jerusalém foi
construído. Após a morte de Salomão o reino foi dividido: Norte ou Israel
(931-722 a.C.), do qual derivam os samaritanos; Sul ou Judá (931-587 a.C.), de
onde derivam os judeus atuais. Após o exílio babilônico (587-539 a.C.) os
judeus viveram sob o domínio dos persas (539-333 a.C.), dos gregos (333-323
a.C.), dos ptolomeus que governavam o Egito (323-194 a.C.) e dos selêucidas que
governavam a Síria (194-142 a.C.). Após uma breve independência (142-64 a.C.)
os judeus ficaram novamente sob o domínio de outro reino, no caso Roma (64
a.C.-70 d.C.).
Os judeus participaram de três guerras
contra Roma. Na primeira (66-70 d.C.) a cidade de Jerusalém foi destruída e o
Templo foi destruído. Na segunda (115-117 d.C.) judeus foram reprimidos em
diversas cidades do Egito, da Cirenaica (Líbia) e em Chipre. Na terceira
(132-135 d.C.) uma revolta explodiu na Judeia e após isso o imperador Adriano
reconstruiu Jerusalém com o nome de Aélia Capitolina, os judeus ficaram
proibidos de entrar na cidade sob pena de morte e a província foi mudada de
nome: de Judeia para Syria Palaestina. Foi a partir dessa
época que essa região ficou conhecida como Palestina (terra dos filisteus).
Os palestinos são integrantes de um
grupamento populacional que possui semelhança genética aos judeus, turcos
(Anatólia), libaneses, egípcios, armênios e iranianos. Os estudos arqueológicos
e genéticos comprovam que tanto judeus como palestinos derivam dos antigos
habitantes de Canaã e que com o passar dos séculos houve uma miscigenação
dessas populações (The origin of Palestinians and their genetic relatedness
with other Mediterranean populations; Arnaiz-Villena A., Elaiwa
N., Silvera C, Rostom A., Moscoso J., Gómez-Casado
E., Allende L., Varela P., Martínez-Laso J.; Universidade
Complutense de Madrid).
Sabemos que entre 135 a 638 d.C. essa
região foi dominada pelos romanos e depois pelos bizantinos. Ou seja, as
comunidades judaicas continuaram existindo, mas em sua maioria era formada por
cristãos. Com o surgimento do movimento islâmico e a conquista árabe os
grupamentos palestinos permaneceram cristãos e judeus em sua maioria até por
volta de 935 d.C. quando governantes egípcios começaram a perseguir o povo do
Livro. Com o passar do tempo os palestinos foram “islamizados” em sua maioria e
o árabe tornou-se a língua oficial.
Por que eles brigam por essa faixa de
terra? Além da questão histórica entre grupos
irmãos, podemos ver uma questão política. Já na década de 1880 os palestinos e
judeus começaram a se indispor por causa das constantes ondas migratórias de
judeus à Palestina. Os judeus foram se estabelecendo nas terras e formando
comunidades agrícolas, comprando o lugar de otomanos ou de árabes. Em 1900 a
população da Palestina era de 600 mil habitantes, dos quais 94% eram árabes.
Enquanto muitos árabes estavam dispostos a vender suas terras aos judeus que
chegavam, outros não aceitavam essa “invasão” na terra que consideravam sua. Em
1919 a Palestina tinha um milhão de pessoas, dos quais cem mil eram judeus. Com
o final da Segunda Guerra e a revelação do genocídio judeu promovido pelo
nazismo, a ONU promulgou a Resolução 181 em que fazia a partilha da Palestina:
53% para 700 mil judeus e 47% da terra para 1 milhão e 400 mil árabes. O
problema é que os árabes nunca aceitaram nem a partilha nem a conversação para
buscar um equilíbrio. E por quê? Por causa das questões religiosas, pois a
maioria dos árabes-palestinos é mulçumana de linha sunita.
E o que a Bíblia diz sobre isso? A Bíblia diz que a terra pertence a Israel por mandato de Deus a Abraão
(cf. Gênesis 17:8). Mas a Bíblia também afirma que os árabes são descendência
de Abraão por meio de Ismael e que haveria conflito entre eles para sempre (cf.
Gênesis 16:7-12). A solução imediata e humana é o desarmamento do Hamas e a
aceitação do Estado Judeu; por outro lado Israel precisa aceitar a criação do
Estado Palestino e devolver as terras ocupadas, com garantia que as colônias
judaicas sejam respeitadas em solo palestino.
Mas a solução única e verdadeira só
pode ser dada por meio de Jesus Cristo. Quando um judeu e um palestino servem a
Jesus e o reconhecem como Messias, cumpre-se aquilo que disse Paulo: “Mas
agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, viestes para perto pelo
sangue de Cristo, pois ele é a nossa paz. De ambos os povos fez um só e,
derrubando a parede de separação, em seu corpo desfez a inimizade [...] e pela cruz reconciliar ambos com Deus
em um só corpo, tendo por ela destruído a inimizade” (Efésios
2:13,14,16). E temos que orar e promover isso: a reconciliação entre os irmãos
por meio Daquele que é a paz verdadeira. Oremos por isso!
Tenha uma boa semana em Cristo.
Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.
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