10 de junho de 2013

"País rico é país sem pobreza?”


O retrato da pobreza

Preocupa-me a situação do meu país. Sempre que saio às ruas, gosto de observar o movimento da minha cidade. O trânsito sempre complicado, as filas enormes nos pontos de ônibus, gente que vai, gente que vem pelas calçadas e praças e, gente que anda pra lá e pra cá, sem destino.
Esses, que não têm caminho certo, que ficam postados nas calçadas ou nas esquinas mendigando comida, pedindo trocados, sempre existiram  neste meu país, não apenas aqui, na minha cidade. Só que agora, os vejo em maior escala, diferentemente dos meus tempos de criança.
Apesar das bolsas criadas pelo governo, bolsa disso, bolsa daquilo, que, aliás, são muito propagadas com entusiasmo pela mídia governamental, a mendicância, neste país que propala riqueza, pois “País rico é país sem pobreza” – assim apregoam as mensagens - os meus olhos não conseguem ver o que diz o slogan. Eles contemplam outro cenário.
Estarrecido vejo, todos os dias, sempre que saio às ruas, de carro é lógico, que as esquinas, justamente nos semáforos, um mundo de crianças e velhos pedintes. São jovens – mulheres e crianças – sujas, grávidas, esqueléticas, todos os dias e o dia todo a pedir, contrariando os apelos de grandeza de um governo que muito fala, mas, pelo cenário visto, pouco faz. Não falo de nomes, pois o problema não é de hoje. É um problema de muitos governos, que prometem e não cumprem e o tempo passa a situação fica, a cada dia, insustentável.  
Todos os dias, sempre que saio pelas ruas da minha cidade o panorama é o mesmo. São as crianças da fome e do crack, são as jovens da juventude perdida por conta da gravidez indesejada, muitas vezes de um pai que elas nem sabem quem seja e de velhinhos e velinhas que pedem porque a aposentadoria não atende às suas necessidades. Esses velhinhos, por sinal, estão, ainda, noutros lugares, até nas portas e nas áreas de caixas eletrônicos das casas bancárias. “Complete a minha conta de luz, a minha água”, nos pedem, ou perambulam pelas ruas do centro e, em frente aos bancos, a cantar, com cartazes colados ao peito e nas costas, esperam receber um trocado para completar uma medicação, que além de não ser distribuída pelo governo, é cara.

Afora a impunidade que campeia neste país e a insegurança que tomam conta dos nossos dias, assuntos que falaremos noutra oportunidade, bem que esse slogan deveria ser outro. "País rico é país sem pobreza”. Não dá para engolir.

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