Sim, estamos numa das eleições mais
concorridas dos últimos vinte anos. Vivemos numa democracia e precisamos
exercer nossa cidadania. Paulo escrevendo aos filipenses diz: “Somente
portai-vos de modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer eu vá e vos
veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que permaneceis firmes num só
espírito, combatendo juntos, com uma só alma, pela fé do evangelho”
(Filipenses 1:27). A tradução da NVI traz um detalhe a mais: “Não importa o que
aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira
digna do evangelho de Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja,
quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês
permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica” (grifo
meu). Aqui Paulo usa o vocábulo politeuesthe, que significa “ser
um cidadão, comportar-se como um cidadão”; é possível que Paulo, ao saber que
Filipos era uma colônia romana tinha um status diferenciado, como se fosse uma “mini-Roma” (RIENECKER, ROGERS, 1988,
p.406).
Pr. Gilson Jr. - Igreja Batista do Estoril - Bauru - SP |
Ou seja, nós como cristãos somos
chamados a desempenhar um papel como cidadãos num nível mais elevado, mais
ético e mais crítico por causa do Evangelho de Cristo. Por isso não aceito
aquela visão medíocre que muitos possuem de que nós não devemos nos envolver
com as questões políticas; também não aceito a visão de que a religião seja
imposta por meio do Estado. Precisamos defender a separação da Religião e do
Estado, defender o Estado laico e a liberdade religiosa. A Igreja e os crentes
precisam ser a consciência do Estado, lutar em favor da justiça e do bem para
com todos os que fazem parte da sociedade.
Desse modo, entendo que anular o voto
ou votar em branco é um desperdício, principalmente para os candidatos ao
Senado e à Câmara Federal e Estadual. Entretanto, reconheço que a tarefa não é
fácil, pois temos vários problemas: 1) Nosso sistema eleitoral é dúbio e falho;
2) Muitos dos candidatos que forem eleitos estarão longe de nossos olhos; 3) Há
muitos “aproveitadores” com um discurso fantasioso e que estão mais para
palhaços ou “bobos da corte” do que para pessoas comprometidas para o bem da
sociedade.
Nós Batistas não indicamos ninguém e
não fazemos “voto de cabresto” como infelizmente muitas igrejas fazem.
Trabalhamos com a consciência, pois cremos que Deus nos deu a capacidade para
refletir e decidir de modo responsável. Dentre a “multidão” de candidatos creio
que apenas 5% sejam aqueles que podem nos representar de modo responsável. Por
isso sugiro que nessa última semana você faça o seguinte.
Primeiramente ore, pois quem deve nos
dar sabedoria para escolher é Aquele que é o Senhor da história e do Universo.
Gosto muito da oração de Daniel: “[...] Seja bendito o nome
de Deus para todo o sempre, porque a sabedoria e a força pertencem a ele. Ele
muda os tempos e as estações; remove e estabelece os reis; é ele quem dá
sabedoria aos sábios e entendimento aos que conhecem. Ele revela o profundo e o
escondido; conhece o que está em trevas, e a luz mora com ele. Ó Deus de meus
pais, a ti dou graças e louvor porque me deste sabedoria e força; e agora me
revelaste o que te pedimos; pois nos revelaste este assunto do rei” (Daniel 2:20-23).
Quem remove reis e os estabelece é o SENHOR. Ele faz isso com Seu poder, mas
também usa pessoas e circunstâncias para isso.
Em segundo lugar, faça uma seleção de
candidatos. Hoje temos ferramentas na internet que nos mostram quem são os candidatos. Analise suas ideias, mas
principalmente se eles são coerentes com o que dizem. Veja se eles defendem
temas como aborto, casamento homossexual e outros temas que confrontam a fé
bíblica e seus princípios. Não podemos votar apenas no caráter do candidato,
mas também nos princípios que ele defende. Não digo que nosso voto seja apenas
para os chamados “evangélicos”, pois há muitos que se dizem defensores da fé
cristã, mas vivem como ímpios. A esses rejeitamos também.
E finalmente, engaje-se numa atitude
política mais pró-ativa. Uma coisa é a política, outra é o envolvimento
partidário. Nós podemos nos envolver com a política através de cobranças,
protestos e engajamento social, de modo a exercer a nossa “[...] cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo [...]”. Todos aqueles que serão eleitos podem e devem ser cobrados por
nós; seus e-mails estarão disponíveis para que possamos cobrá-los
insistentemente.
Finalmente, eu creio que precisamos nos
engajar por uma reforma política em nosso país; não como o atual governo quer,
com a formação de conselhos populares – o que significa uma tentativa de formar
uma “Venezuela Tupiniquim” – mas através de algo mais profundo: voto livre,
distrital, sistema parlamentarista e uma reforma que busque economia ao povo
(corte de pessoal comissionado, trabalho de oito horas por dia aos senadores e
deputados federais e estaduais; remuneração aos vereadores de cidades com mais
de um milhão de habitantes).
Será sonho, utopia ou delírio? Não sei,
mas enquanto cidadão tenho o dever de lutar pelo meu país; como cristão tenho a
obrigação de ser alguém diferente, que luta para que os princípios divinos –
que são maravilhosos e corretos – exerçam a diferença na vida das pessoas. Como
disse Paulo: “Assim, oramos para que possais viver de maneira digna do
Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no
conhecimento de Deus” (Colossenses 1:10).
Tenha uma boa semana em Cristo
Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.
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