22 de outubro de 2014

UMA ELEIÇÃO IMPORTANTE!

Sim, estamos numa das eleições mais concorridas dos últimos vinte anos. Vivemos numa democracia e precisamos exercer nossa cidadania. Paulo escrevendo aos filipenses diz: “Somente portai-vos de modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer eu vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que permaneceis firmes num só espírito, combatendo juntos, com uma só alma, pela fé do evangelho” (Filipenses 1:27). A tradução da NVI traz um detalhe a mais: “Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica” (grifo meu). Aqui Paulo usa o vocábulo politeuesthe, que significa “ser um cidadão, comportar-se como um cidadão”; é possível que Paulo, ao saber que Filipos era uma colônia romana tinha um status diferenciado, como se fosse uma “mini-Roma” (RIENECKER, ROGERS, 1988, p.406).
Pr. Gilson Jr. - Igreja Batista do Estoril - Bauru - SP 

Ou seja, nós como cristãos somos chamados a desempenhar um papel como cidadãos num nível mais elevado, mais ético e mais crítico por causa do Evangelho de Cristo. Por isso não aceito aquela visão medíocre que muitos possuem de que nós não devemos nos envolver com as questões políticas; também não aceito a visão de que a religião seja imposta por meio do Estado. Precisamos defender a separação da Religião e do Estado, defender o Estado laico e a liberdade religiosa. A Igreja e os crentes precisam ser a consciência do Estado, lutar em favor da justiça e do bem para com todos os que fazem parte da sociedade.
Desse modo, entendo que anular o voto ou votar em branco é um desperdício, principalmente para os candidatos ao Senado e à Câmara Federal e Estadual. Entretanto, reconheço que a tarefa não é fácil, pois temos vários problemas: 1) Nosso sistema eleitoral é dúbio e falho; 2) Muitos dos candidatos que forem eleitos estarão longe de nossos olhos; 3) Há muitos “aproveitadores” com um discurso fantasioso e que estão mais para palhaços ou “bobos da corte” do que para pessoas comprometidas para o bem da sociedade.
Nós Batistas não indicamos ninguém e não fazemos “voto de cabresto” como infelizmente muitas igrejas fazem. Trabalhamos com a consciência, pois cremos que Deus nos deu a capacidade para refletir e decidir de modo responsável. Dentre a “multidão” de candidatos creio que apenas 5% sejam aqueles que podem nos representar de modo responsável. Por isso sugiro que nessa última semana você faça o seguinte.
Primeiramente ore, pois quem deve nos dar sabedoria para escolher é Aquele que é o Senhor da história e do Universo. Gosto muito da oração de Daniel: “[...] Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque a sabedoria e a força pertencem a ele. Ele muda os tempos e as estações; remove e estabelece os reis; é ele quem dá sabedoria aos sábios e entendimento aos que conhecem. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e a luz mora com ele. Ó Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me deste sabedoria e força; e agora me revelaste o que te pedimos; pois nos revelaste este assunto do rei” (Daniel 2:20-23). Quem remove reis e os estabelece é o SENHOR. Ele faz isso com Seu poder, mas também usa pessoas e circunstâncias para isso.
Em segundo lugar, faça uma seleção de candidatos. Hoje temos ferramentas na internet que nos mostram quem são os candidatos. Analise suas ideias, mas principalmente se eles são coerentes com o que dizem. Veja se eles defendem temas como aborto, casamento homossexual e outros temas que confrontam a fé bíblica e seus princípios. Não podemos votar apenas no caráter do candidato, mas também nos princípios que ele defende. Não digo que nosso voto seja apenas para os chamados “evangélicos”, pois há muitos que se dizem defensores da fé cristã, mas vivem como ímpios. A esses rejeitamos também.
E finalmente, engaje-se numa atitude política mais pró-ativa. Uma coisa é a política, outra é o envolvimento partidário. Nós podemos nos envolver com a política através de cobranças, protestos e engajamento social, de modo a exercer a nossa “[...] cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo [...]”. Todos aqueles que serão eleitos podem e devem ser cobrados por nós; seus e-mails estarão disponíveis para que possamos cobrá-los insistentemente.
Finalmente, eu creio que precisamos nos engajar por uma reforma política em nosso país; não como o atual governo quer, com a formação de conselhos populares – o que significa uma tentativa de formar uma “Venezuela Tupiniquim” – mas através de algo mais profundo: voto livre, distrital, sistema parlamentarista e uma reforma que busque economia ao povo (corte de pessoal comissionado, trabalho de oito horas por dia aos senadores e deputados federais e estaduais; remuneração aos vereadores de cidades com mais de um milhão de habitantes).
Será sonho, utopia ou delírio? Não sei, mas enquanto cidadão tenho o dever de lutar pelo meu país; como cristão tenho a obrigação de ser alguém diferente, que luta para que os princípios divinos – que são maravilhosos e corretos – exerçam a diferença na vida das pessoas. Como disse Paulo: “Assim, oramos para que possais viver de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus” (Colossenses 1:10).
                                                                                      
Tenha uma boa semana em Cristo
Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.


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