Às vezes a vida parece-nos muito dura, as lutas nos sufocam e as forças
se vão. De fato, a vida não é fácil; ela é feita de altos e baixos, de vales
floridos e montanhas íngremes, de rios de água cristalina e de desertos
desoladores, de sombras de descanso e de sombras da morte. Por isso às vezes a
crise nos abate no caminho, pois ao mesmo tempo em que queremos crer em Deus e
confiar na Sua maravilhosa graça, nossos sentimentos humanos e frágeis nos
lançam no medo e na angústia.
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Todas as vezes que leio os salmos vejo o quanto Davi e outros autores
daqueles textos experimentaram a mesma coisa em suas experiências de vida. Ao
mesmo tempo que expressavam uma fé pessoal, também deixavam claro as limitações
humanas, pois não eram super-homens, mas pessoas comuns que precisavam da
misericórdia tanto quanto nós. E apesar das oscilações entre alegria e choro
nos salmos, o que mais me deixa esperançoso é que a fé suplanta tudo isso, pois
a confiança estava firmada num Deus eterno.
Lendo a Bíblia em minha devocional uma frase saltou aos meus olhos:
“[...] Temos um sumo sacerdote que se assentou à direita do trono da
Majestade no céu” (Hebreus 8:1). Que bálsamo celeste! Não estou sozinho
nessa caminhada, pois há Alguém poderoso que intercede por mim. Ele é poderoso,
justo, digno e cheio de compaixão e amor. Sim, é poderoso, pois é da mesma
essência de Deus (cf. João 10:30), que veio ao mundo mostrar o caminho da
redenção e tem poder sobre a vida e a morte (cf. João 19:11); nas Suas mãos
estão as chaves da morte e do inferno (Apocalipse 1:18) e foi por Sua
obediência ao Pai que Deus sujeitou todas as coisas a Ele (cf. 1Coríntios
15:27,28; Efésios 1:22; Filipenses 2:10; Hebreus 2:4-10). Esse Sumo sacerdote é
Jesus Cristo, o Filho de Deus.
E o que faz um sumo sacerdote? No Antigo Testamento esse personagem
tinha que entrar uma vez por ano no Santo dos Santos com o sangue do sacrifício
para representar o povo de Israel e suplicar o perdão dos pecados. Entretanto,
os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para algo maior e mais excelente.
Jesus “[...] alcançou ministério mais excelente, quanto é mediador de
uma aliança melhor, firmada sobre melhores promessas” (8:6). E aqui está a
beleza do sumo sacerdócio de Jesus Cristo em nosso favor: Ele nos representa
diante de Deus e nos torna aceitos pelo Pai.
Que bênção é poder confiar que Jesus Cristo “[...] o qual está à
direita de Deus e também intercede por nós” (Romanos 8:34). É ali diante do
Pai que nossas fraquezas são amparadas pela graça, pois o Sumo Sacerdote foi
“[...] alguém que, à nossa semelhança, foi tentado em todas as coisas,
porém sem pecado” (Hebreus 4:15). Mas isso não é tudo, pois por meio Dele
podemos nos aproximar “[...] com confiança do trono da graça, para que
recebamos misericórdia e encontremos graça, a fim de sermos socorridos no
momento oportuno” (4:16). Sim, temos alguém em quem confiar! Nossas orações
não estão vagando no espaço, nossos clamores não estão fechados num tipo de
“burocracia celestial” e por isso demoram de ser respondidas. O Filho de Deus
tem prazer de nos ouvir e de nos representar diante do Pai.
Mas o que fazer quando somos abatidos e nos encontramos sem força?
Primeiro, confesse isso diante do Senhor. Não tenha receio de orar como aquele
pai que diante da enfermidade de seu filho e da palavra de Jesus que tudo era
possível pela fé, foi capaz de dizer: “Imediatamente o pai do menino clamou:
Eu creio! Ajuda-me na minha incredulidade” (Marcos 9:24). A fé nunca é
firmada na certeza de alguma coisa que vemos, mas unicamente na invisibilidade
de Deus. A fé não é demonstração de alguma compreensão racional ou fruto de
alguma emoção, mas exatamente “[...] a garantia do que se espera e a
prova do que não se vê” (Hebreus 11:1).
Em segundo lugar, coloque sua angústia diante de Deus e pergunte de
forma corajosa: O que estou pedindo está de acordo com a Tua vontade? Ora, se
temos um Sumo Sacerdote que está diante do Pai precisamos saber que Ele só fará
aquilo que o Pai – a Majestade no céu – deseja. Cristo enquanto esteve na terra
disse: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra da qual me
encarregaste” (João 17:4). A obediência de Cristo foi uma manifestação
clara de qual deve ser nosso procedimento: “Nos dias de sua vida, com grande
clamor e lágrimas, Jesus ofereceu orações e súplicas àquele que podia livrá-lo
da morte e, tendo sido ouvido por causa do seu temor a Deus, embora sendo
Filho, aprendeu a obediência por meio das coisas que sofreu” (Hebreus
5:7,8).
Ora, se o Filho de Deus aprendeu a obediência por meio do sofrimento,
isso implica que todos os que hão de seguir o caminho de Cristo terão que
passar por isso. Mais que o sofrimento que estamos passando é o resultado final
dessa prova. É preciso coragem para confrontar nossas vontades e anseios e
submetê-los ao Senhor glorioso. Entretanto, é aqui que temos que entregar tudo
nas mãos de Cristo e deixar que Ele nos represente diante do Pai. Somente
descansando Nele encontraremos refrigério para enfrentar as dificuldades
impostas pela existência.
Tenha uma boa semana em Cristo
Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.
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