Gilson Souto Maior Junior, Pastor Sênior da Igreja Batista do Estoril.
E-mail: gilsonsmjr@hotmail.com
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A mensagem de Jesus
sempre causa certo frenesi, principalmente quanto ao conteúdo. Alguns o veem
como um mito, uma invenção da prodigiosa mente humana, ou como um filósofo
moralista e ainda como um ser iluminado que veio trazer uma mensagem de amor,
um exemplo a ser seguido. Mas para a fé cristã não há dúvidas: Jesus Cristo é o
Filho de Deus, a expressão exata de Deus Pai. Ou como lemos no Credo
Apostólico: “Cremos [...] em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus,
gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz de Luz, verdadeiro Deus de
verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual
todas as coisas foram feitas [...] (BETTENSON, 2011, p.63)”.
O que Jesus disse
sobre Si mesmo? Muito bem, Jesus afirmou ser Deus. O nome de Deus em hebraico é
YHWH (Yahweh ou Javé), transcrito em nossas Bíblias como SENHOR (em letras
maiúsculas) e foi revelado a Moisés no monte Sinai: “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo
3:14). Jesus declarou aos judeus: “[...] Em verdade, em verdade vos digo que,
antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8:58). Essa declaração reivindica não
apenas a existência antes de Abraão, mas principalmente a igualdade Dele com o
“EU SOU” de Êxodo 3:14. Os judeus compreenderam tão bem essa declaração que
queriam apedrejá-lo por blasfêmia (cf. Marcos 14:62; João 8:58; 10:31-33;
18:5,6).
Além disso, Jesus
aceitou a glória de Deus. O profeta: “Eu sou o SENHOR; este é o meu nome. Não
darei a minha glória a outro, nem o meu louvor às imagens esculpidas” (Isaías
42:8). E escreveu também: “Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor, o
SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e sou o último, e além de mim não há
Deus” (Isaías 44:6). Semelhantemente Jesus orou: “Agora, pois, glorifica-me, ó
Pai, junto de ti mesmo, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo
existisse” (João 17:5). Ou seja, Ele se identifica com Yahweh em glória.
Embora o Antigo
Testamento proíba a adoração a qualquer pessoa além de Deus (Êxodo 20:1-4;
Deuteronômio 5:6-9), Jesus aceitou adoração (Mateus 8:2; 14:33; 15:25; 20:20;
28:17; Marcos 5:6). Os discípulos atribuíram a Ele títulos que o Antigo
Testamento reservava somente a Deus, tais como: O Primeiro e o Último
(Apocalipse 1:17; 2:8; 22:13); A verdadeira luz (João 1:9); A Rocha ou Pedra
(1Coríntios 10:4; 1Pedro 2:6-8; cf. Salmo 18:2; 95:1); O marido (Efésios
5:28-33; Apocalipse 21:2); O Supremo Pastor (1Pedro 5:4) e Grande Pastor
(Hebreus 13:20). Também atribuíram a Jesus as atividades divinas da criação
(João 1:3; Colossenses 1:15,16), redenção (Oséias 13:14; Salmo 130:7), perdão
(Atos 5:31; Colossenses 3:13; cf. Salmo 130:4; Jeremias 31:34) e julgamento
(João 5:26).
Eles usaram títulos
divinos ao se referir a Jesus. Tomé declarou: “Senhor meu e Deus meu!” (João
20:28). Paulo declara que em Jesus “[...] habita corporalmente toda a plenitude
da divindade” (Colossenses 2:9). Em Tito, Jesus é chamado de “nosso grande Deus
e Salvador” (Tito 2:13). O autor aos Hebreus, ao falar de Cristo, declara: “Mas
sobre o Filho diz: O teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos
[...]’” (Hebreus 1:8; cf. Salmo 45:6,7). Cristo reflete a glória de Deus, que
leva a marca da sua natureza e sustenta o universo (Hebreus 1:2-6). Paulo diz
que, antes de Cristo existir como ser humano, já existia como Deus (Filipenses
2:5-8). O prólogo do Evangelho de João não mede palavras para descrever o
Filho: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus” (João 1:1). Aqui, no texto grego, o artigo é definido de modo que não
fala que o Verbo era um Deus, mas literalmente o Deus (kai
théos en hó logos).
Jesus afirmou
igualdade com Deus reivindicando as prerrogativas Dele. Por exemplo, Ele
afirmou ser juiz de todos (Mateus 25:31-46; João 5:27-30; cf. Joel 3:12). Ele
disse ao paralítico: “[...] Filho, os teus pecados estão perdoados” (Marcos
2:5b). Os escribas entenderam onde Ele queria chegar e por isso disseram: “Por
que esse homem fala dessa maneira? Ele está blasfemando! Quem pode perdoar
pecados senão um só, que é Deus?” (Marcos 2:7b). Jesus afirmou possuir o poder
de ressuscitar e julgar os mortos, poder que apenas Deus possui (João 5:21,29;
cf. Deuteronômio 32:39; 1Samuel 2:6; Salmo 2:7). Jesus reivindicou a honra
devida a Deus (João 5:23). Os judeus que O ouviam sabiam que ninguém devia
afirmar ser igual a Deus dessa maneira e por isso pegaram em pedras para
apedrejá-lo (João 5:18). Fica evidente que Jesus não alegou ser outra coisa,
senão que era Deus em forma humana.
Diante de tudo isso,
temos que concordar com o grande escritor C.S. Lewis (1898-1963), que na sua
obra “Cristianismo puro e simples” fez a seguinte afirmação: “Estou
tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu
respeito: ‘Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas
não aceito a sua afirmação de ser Deus.’ Essa é a única coisa que não devemos
dizer. Um homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse
não seria um grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo grau de
alguém que pretendesse ser um ovo cozido – ou então o diabo em pessoa. Faça a
sua escolha. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco
ou coisa pior. Você pode querer calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e
matá-lo como a um demônio; ou pode prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor
e Deus. Mas ninguém venha, com paternal condescendência, dizer que ele não
passava de um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa opção, e não quis
deixá-la” (LEWIS, 2009, p. 69,70).
Sim, Jesus é o que
disse ser. Ele não é um espírito iluminado, muito menos um filósofo da moral.
Ele não é um simples profeta nem um dos maiores; Ele não é um mito, nem uma
invenção. Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Filho Unigênito de
Deus, que veio ao mundo, assumiu a nossa natureza humana, sem pecado, Santo e
Puro, para morrer em favor dos pecadores e restaurar o caminho até Deus. Por
isso Ele podia dizer: “Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a
vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6).
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