Amanhã, às 19h30, o Museu Assis Chateaubriand (MAC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no bairro do Catolé, será o lançamento do livro “A Escultura Grotesco-Fantástica de Mestre Galdino – Configurações do Imaginário na Cerâmica Popular Pernambucana”, escrito pelo médico Emmanuel Ponce de Leon Júnior. O evento é mais uma atividade integrada ao “Noites no Museu”, iniciativa promovida pelo MAC que dá azo a reflexão e a diversão através da arte, contemplando desde música, dança e literatura, até exposições e peças teatrais. A entrada é gratuita.
O livro tem prefácio assinado pelo crítico João Batista de Brito e será apresentado na ocasião pelos docentes e também médicos, Edmundo Gaudêncio e Vilma Mendoza.
Emmanuel Ponce de Leon, um entusiasta apaixonado pela cultura popular, sobretudo pela força criativa de Manuel Galdino de Freitas (1928-1996) – ceramista, poeta e cordelista nascido em São Caetano, próximo ao Alto do Moura, nas cercanias de Caruaru (PE) – possuiu, inclusive, mais de 50 peças do artista, que foram um dos escopos do livro, sendo mais tarde doadas a um memorial situado na Vila do Artesão, em Campina Grande. De acordo com o escritor, a publicação busca trazer à tona a memória artística do mestre da cerâmica figurativa, já que, embora muito famoso pelas suas obras, ainda rareiam as referências bibliográficas a respeito de Mestre Galdino.
Conforme Emmanuel, Galdino está no mesmo nível de Mestre Vitalino, contudo, quando todos imitavam este, aquele foi na contramão, criando monstros e imagens fantásticas de híbridos mais afeitos ao grotesco.
Mais sobre Emmanuel Ponce de Leon Júnior e Mestre Galdino
Emmanuel Ponce de Leon Júnior é médico patologista e escritor. Publicou escritos em diversos jornais de João Pessoa e ganhou o Prêmio Katarina Real de Cultura Popular, versão 1997 (Menção Honrosa), da Fundação Joaquim Nabuco (PE). Também participou de peças teatrais e, em 1995, foi premiado por meio de concursos pelas Academias de Medicina Baiana e Brasileira pelos seus contos, poesias e ensaios. Emmanuel também é um dos fundadores do Cine Clube Chaplin.
Galdino chegou ao Alto do Moura em 1974 a trabalho, era pedreiro. Lá, chamou-lhe a atenção o que faziam os ceramistas e nesta atividade viu um meio de melhorar de vida. Quando mudou de profissão já contava mais de 50 anos de idade. Gostava de fazer moringas e monges, mas sua arte maior estava nos pequenos bonecos de barro, que se distanciavam da representação e se aproximavam do grotesco. Não à toa suas obras ficaram conhecidas como ‘os bichos feios de Seu Mané.’
Para cada boneco que produzia, costumava escrever uma história que ia anotando num caderno. Assim chegou a escrever mais de mil histórias. Reza a lenda que quando alguém indagava se havia aprendido o ofício com Mestre Vitalino, ele respondia em versos: “Galdino é bonequeiro/e sou poeta também/tem boneco em minha casa/que bonequeiro não tem/na arte só devo a Deus/lição não devo a ninguém”.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação
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