Na década de 1980 a comédia “Apertem os
cintos... O piloto sumiu” fez muito sucesso com um roteiro baseado num problema
com os pilotos que ficaram inconscientes, criando o pânico entre os
passageiros. Na ocasião estava ali um ex-combatente de guerra, Ted Striker
(Robert Hays), que é forçado a assumir os controles de um avião quando a
tripulação sucumbe à comida contaminada. Na ocasião, Elaine (Julie Hagerty),
sua namorada, se junta a ele e assim vão tentar salvar os passageiros e
terminar o voo com sucesso. Contudo existe um problema: ele é neurótico.
Gilson Souto Maior JuniorPastor Sênior da Igreja Batista do Estoril Bauru-SP |
Parece que estamos vivendo algo
semelhante em nosso país. A corrupção contaminou todas as esferas de poder e há
um pânico no país. A presidente nada mais é que um boneco inflável, os poderes
da nação sem representatividade nenhuma e pelo visto o “avião” Brasil está sem
piloto, nem mesmo temos um neurótico com sua namorada no lugar. A situação é
gravíssima e tende a piorar, pois os sinais apontam para uma crise não apenas
econômica, mas institucional; sim, o Congresso também tem seus membros
envolvidos e a briga que existe hoje parece ser em salvar a própria pele. Na
sátira no final tudo dá certo, mas na realidade não vemos perspectiva alguma,
pelo menos a curto e médio prazo. O que ocorre?
Segundo a Bíblia, “A arrogância
antecede a destruição, e a altivez do espírito antecede a queda” (Provérbios
16:18). É exatamente isso que vemos em toda classe política do país. Não
aparece ninguém para pedir desculpas à nação dos enganos, das manipulações
ideológicas e do sonho que virou pesadelo para muitos brasileiros. O que vemos
é a arrogância dos que dilapidaram o patrimônio público em nome de um “projeto
criminoso de poder”, como bem disse o decano do STF (Supremo Tribunal Federal),
Ministro Celso de Mello. Contemplamos o partido do governo negar o inegável,
proclamar uma ética falsa e se arvorar como vítima de forças supostamente
reacionárias, quando eles mesmos representam o que há de mais retrógado,
apoiando-se em ideias do século XIX e querendo imitar nações em que o comunismo
apenas trouxe atraso, destruição, morte, corrupção ditadura. Essa arrogância só
pode trazer destruição.
Mas não é apenas isso! Temos a
arrogância daqueles que se uniram ao “projeto criminoso de poder”, pois se há
corruptos, também há corruptores. E infelizmente, não foi apenas a Petrobrás
que afundou, mas outras empresas públicas também foram cooptadas para o
esquema. Não é a toa que o sábio afirmou: “Quando os ímpios proliferam, os
crimes aumentam [...]” (Provérbios 29:16a). E vemos essa situação em nossa
nação: violência desmedida, atos desumanos como o estupro das adolescentes no
Piauí, tráfico de drogas, insegurança, enfim tanta desgraça que já não sabemos
mais o que fazer.
Diante de um quadro nebuloso como o que
vivemos necessitamos colocar nossos olhos no Senhor. Se o piloto sumiu, o
SENHOR da história não perdeu o controle da situação. Como nos diz o profeta:
“Daniel disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque a
sabedoria e a força pertencem a ele. Ele muda os tempos e as estações; remove e
estabelece os reis; é ele quem dá sabedoria aos sábios e entendimento aos que
conhecem. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e
a luz mora com ele” (Daniel 2:20-22). É exatamente essa esperança que
precisamos ter em momentos como esse, a esperança de que, apesar das
circunstâncias adversas, Deus reina.
Alguns vão me criticar, afirmando que
me baseio numa utopia, que a fé é algo meramente psicológico e não faltarão
aqueles que hão de me acusar de simplismo. Não me importa! A fé nunca é
simplista, pelo contrário, ela é mais racional do que alguém possa imaginar.
Andar pela fé, crendo que Deus está no controle pode parecer o absurdo, mas é
justamente isso que nos dá segurança. Crer também é pensar e a fé verdadeira é aquela
que procura entendimento. Não há respostas fáceis na vida, mas viver sempre na
dúvida e na incredulidade é o mesmo que ser devorado estando vivo.
O apóstolo Paulo declarou: “[...] O
conhecimento dá ocasião à arrogância, mas o amor edifica. Se alguém supõe
conhecer alguma coisa, ainda não conhece até o ponto em que é necessário
conhecer. Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele” (1Coríntios
8:1b-3). Ou seja, se você se acha que é tão esperto e que já descobriu tudo, na
verdade seu ego está inflado e é apenas um tagarela intelectual. Sócrates dizia
que era o homem mais sábio de Atenas justamente porque não sabia nada. E assim
também é na vida, não sabemos de tudo, não temos controle das coisas e nem das
circunstâncias. Diante da realidade somos míopes e vemos apenas um instante
chamado “agora”.
Desse modo, numa crise que se agiganta
a cada dia, precisamos saber onde vamos confiar: em nosso próprio conceito e
nas pressuposições humanas, passageiras e irreais ou em Deus, que conhece tudo
– inclusive a nós – e sabe como está dirigindo a história. A opção pela fé em
Deus não é uma fuga, uma quimera, mas a única certeza que tenho para viver um
dia de cada vez, amando-O sobre todas as coisas e amando ao meu próximo como a
mim mesmo. Crer em Deus é ir além das expectativas meramente humanas, é olhar
na justiça que não falha e que colocará um dia todas as coisas no seu devido
lugar.
Se o piloto sumiu, minha confiança
nunca esteve nele, mas em Deus que nos conduz com segurança. Honestamente não
sei de tudo, não tenho controle de tudo e quanto mais leio e aprendo, mais
reconheço que nada sei. Como nos diz o sábio: “Como dente quebrado e pé
deslocado, assim é confiar no homem desleal no dia da angústia” (Provérbios
25:19). Diante das opções humanas, é melhor dizer como o profeta: “Deus é a
minha salvação. Confiarei e não temerei, porque o SENHOR Deus é a minha força e
o meu cântico; ele é a minha salvação” (Isaías 12:2).
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