Gilson Souto Maior Junior,
Pastor Sênior da Igreja Batista do Estoril.
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Essa é uma questão muito importante,
principalmente em um país reconhecidamente longe dos melhores índices na
questão da educação. Nos índices internacionais o desempenho do Brasil chega a
ser ridículo e vergonhoso. O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65
países avaliados no Programme for International Student Assessment (PISA).
Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre
6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O
analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no
ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda
não conseguem ler; 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que
moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita. No dia 13
de maio de 2015 a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) divulgou que o Brasil está na 60ª posição no ranking de educação no
desempenho de alunos de 15 anos nas disciplinas de matemáticas e ciências (ESTADÃO,
13/05/2015). Se não bastasse tudo isso, ainda temos que lidar com os baixos
salários dos professores.
Diante disso, ao invés de termos um
movimento nacional para mudar a educação, vemos na verdade pessoas com
políticas ideológicas, preocupadas em “formar” alunos “politicamente corretos”,
numa falsa ideia de que se os professores ensinarem a ideologia de gênero a
situação em nosso país melhorará. Querem ensinar sexualidade na escola? Querem
que um professor fale o que está na sua cabeça sobre ideologia de gênero para
supostamente impedir a violência contra a mulher e os homossexuais? Além de
absurdo, essa visão é inócua e patética.
A propaganda falaciosa dos governantes
de esquerda mostra a real intenção, que é propagar um engodo, levando as
pessoas a pensarem estar comprando a verdade quando o produto é uma mentira.
Numa escola fracassada, com professores desvalorizados, estratégias pedagógicas
medíocres e uma estrutura do século XIX, como é que um professor vai ensinar em
sala de aula sobre sexualidade? Qual o parâmetro e o conteúdo? Qual o objetivo
final?
Ora, esse não é o propósito da escola!
Numa escola que não consegue ensinar a ler e escrever será que ela vai ter a
competência de ensinar sobre sexualidade? Nenhum professor tem autoridade moral
e nem legal para ensinar esse tipo de coisa, pois essa é uma atribuição dos
pais. Se o objetivo é procurar formar uma sociedade mais solidária e menos
preconceituosa, por que não ensinar ética ou filosofia? Respeito não significa
aceitação das atitudes dos outros, mas compreender as diferenças e respeitar os
limites necessários para a boa convivência.
Portanto, o prefeito de nossa cidade
deve prestar atenção, não apenas nas vozes contrárias a essa ação bizarra, mas
também na lei, pois se o Plano Nacional de Educação não trata desse assunto, o
município não deve colocar essas questões no programa municipal de educação.
Além disso, não aceito nenhuma ingerência do Estado na minha família, muito
menos querer ensinar aos meus filhos sobre sexualidade. Essa é uma prerrogativa
minha como pai e que juntamente com minha esposa temos feito em relação aos
nossos filhos. Encorajo os pais a investirem tempo com suas crianças,
influenciando suas vidas, buscando mais informação para ensinarem de acordo com
o que é melhor; além disso, os pais devem tirar seus filhos da sala de aula de
qualquer professor que tente ensinar ideologia de gênero, pois isso é ilegal!
Como disse a Veja o psicólogo e PhD em
educação, João Batista Oliveira: “Perdemos a noção da função social da escola.
Ela deixou de ser cobrada pelo cumprimento de suas obrigações essenciais e
passou a ser cobrada por milhares de coisas que ela não tem condição de fazer,
como cuidar da educação sexual, educação para o trânsito, para o consumo etc.”
(VEJA, 10/11/2014). E nisso estou de pleno acordo, pois não é função da Escola
transmitir a ideologia de um partido ou de um governo, muito menos ensinar
“bons modos”; a função da Escola é colocar à disposição das crianças e
adolescentes toda a bagagem cultural e histórica da sociedade humana, visando o
bem comum e fortalecendo os fundamentos morais e éticos.
Não é a toa que a Bíblia diz: “Instrui
o sábio, e ele se tornará ainda mais sábio; ensina o justo, e ele crescerá em
entendimento” (Provérbios 9:9). Segundo a orientação bíblica, todo ensinamento
deve partir de um princípio correto, ou seja, aquilo que é sábio e pode
torná-lo sábio. Sabedoria na Bíblia é mais que conhecimento intelectual; é um
modo de pensar e uma atitude para com as experiências da vida, incluindo questões
de interesse geral e moralidade básica, relacionando-se sempre com a prudência.
Por isso o ensino da criança na Bíblia é vista como algo sério: “Instrua a
criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos
anos não se desviará deles” (Provérbios 22:6).
A questão aqui é: O que queremos para
nossas crianças e quais os objetivos? Se for meramente uma questão ideológica –
e pelo visto é – nossa nação pagará um alto preço pelo descaso dos pais que
legam ao Estado e à Escola uma tarefa que não lhes pertence. Não aceitamos essa
tentativa absurda de impor falsos conceitos de gênero e vamos lutar sempre
contra isso, “Porque nada podemos fazer contra a verdade, mas somente em favor
dela” (2Coríntios 13:8).
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