13 de dezembro de 2014

A BOA MORDOMIA

Todo fim de ano é a mesma coisa: as pessoas fazem um tipo de revisão da vida, observam seus erros, fazem promessas e projetam seus sonhos para um futuro incerto. A mídia nos bombardeia com um “Natal consumista” e com a falsa ideia de que o próximo ano será melhor. E assim diria o “profeta apócrifo”: “Ê ô, vida de gado, povo marcado, povo feliz” (RAMALHO, Zé, 1980, CBS). E por que uso essa expressão? Porque vivemos num país onde a parcela de famílias com dívidas, como cartão de crédito, crédito pessoal, carnês e financiamentos, é superior às registradas em julho deste ano (63%) e em agosto do ano passado (63,1%), segundo a Agência Brasil (26/08/2014). E agora temos juros estratosféricos de 11,75% ao ano, embora saibamos que é muito mais que isso.
*Pr. Gilson Souto Maior Junior

O que mais me assusta é pensar que, se em termos macroestruturais seis em cada dez brasileiros estão com a “corda no pescoço”, numa perspectiva microestrutural isso tende a se repetir dentro da Igreja. Além de ser preocupante, pois as dívidas sugam as forças emocionais e físicas, a obra de Deus tende a sofrer com cristãos angustiados por causa dessa situação. E o que mais me irrita é que a mesma ideia lançada pelos meios de comunicação para um consumismo desenfreado é repetido por pastores e líderes “evangélicos” que defendem a maldita “teologia da prosperidade”. Ô vida de gado!
Qual a saída bíblica para essa situação? É exercer a boa mordomia do tempo e do dinheiro. Sim, esses dois aspectos da vida causam muito estresse e ansiedade em nosso coração; entretanto, se não tivermos a visão correta dessas coisas com o objetivo de alcançar uma vida piedosa, fracassaremos terrivelmente em nossa missão. Mordomia significa usar bem as coisas e o tempo que Deus me dá para a glória Dele mesmo; É ver-me como um servo responsável pelo tempo, pela família, pelos filhos, pelo cônjuge, pelo trabalho, pelo estudo e apresentar a Ele tudo como algo agradável.
Jesus disse em Sua oração: “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra da qual me encarregaste” (João 17:4). Esse é o cerne da boa mordomia, viver para a glória de Deus. E tem mais um detalhe: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10:31). Ou seja, não há nenhuma área da nossa vida que Jesus não possa dizer: “É meu!”. Portanto, tudo que faço deve estar revestido com o intuito de trazer a Glória Daquele que é Dono absoluto de tudo. Por isso quero refletir sobre dois aspectos da vida que causam estresse em nós hoje: Tempo e Dinheiro.
Tanto o tempo quanto o dinheiro precisam de disciplina. Essa é uma palavra da qual não gostamos, pois pensamos nela apenas como a vara que castiga. Entretanto, disciplina tem a ver com “submissão às regras, autocontrole”; sempre essa palavra me aponta para um atleta de alto nível, a alguém que deixa certas coisas (boas ou ruins) para alcançar um objetivo maior. Sem disciplina diária não caminhamos na vida espiritual, pois precisaremos sempre abrir mão de certas coisas – e muitas delas são boas – para alcançar coisas melhores.
A Bíblia diz que devemos ser prudentes quanto ao tempo, andando não como insensatos, aproveitando cada oportunidade, pois os dias são maus (Efésios 5:15,16). Isso nos lembra de que não temos a eternidade aqui, mas que nosso tempo é limitado e que precisamos vivê-lo com os olhos na eternidade (cf. Colossenses 3:2). Sim, o tempo é escasso e valioso, pois a cada dia estamos mais próximos da sepultura (cf. Tiago 4:14). Isso nos mostra que o tempo está passando e que aquilo que está adiante de nós é totalmente incerto (cf. 1João 2:17; Provérbios 27:1). Perder tempo é perder algo que nunca poderemos recuperar. Portanto, é um engano quando as pessoas afirmam: “Vou recuperar o tempo perdido”; isso é uma falácia!
A Bíblia também nos chama a atenção quanto algumas verdades sobre o dinheiro. Segundo a Bíblia, tudo pertence a Deus (cf. Êxodo 19:5; Jó 41:11; Salmo 24:1); isso significa que somos nada mais, nada menos que administradores de Deus. Assim como José foi colocado como “[...] mordomo da sua casa e entregou em suas mãos tudo o que possuía” (Gênesis 39:4), assim também Deus nos dá todas as coisas para delas cuidarmos. Isso implica que a casa ou apartamento que moramos, as árvores que vemos na rua, o jardim que plantamos, o carro que dirigimos, a roupa que vestimos e aquelas que estão no armário, os livros, CD’s e DVD’s que estão em nossas estantes, tudo pertence a Deus. Até o dinheiro que temos na carteira ou no banco pertence a Deus: “A prata e o ouro pertencem a mim, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ageu 2:8).
A grande questão aqui é a seguinte: O que temos feito com os bens e recursos que Deus tem nos dado gratuitamente? Se somos bons mordomos vamos aplicar o dinheiro de Deus em coisas que trarão Sua glória e alegria; entretanto, se usamos o dinheiro de Deus de maneira desonesta, comprando coisas para nosso prazer egoísta, para mostrar aos outros que temos isso ou aquilo, com o intuito de mostrar o que não somos, então saibamos desde já que daremos conta a Deus disso também.
Isso é muito sério, pois se estamos endividados e esgotados isso significa que não estamos usando corretamente os recursos de Deus. Quando os cristãos dizem que não tem tempo para servir a Deus isso significa que eles estão invertendo as prioridades, pois certamente tudo aquilo que envolvem seus interesses pessoais estão no topo da lista. Quando cristãos deixam de investir no Reino de Deus, isso significa que suas prioridades estão invertidas; são capazes de comprar uma televisão LED 3D por R$ 1.500,00 e dar para missões R$ 30,00 e passar o ano todo sem dar o dízimo para o sustento da casa de Deus. Ora, se nossas prioridades estão invertidas, como podemos esperar bênçãos de Deus?
A boa mordomia começa no reconhecimento de que não temos nada e tudo que temos é recebido segundo a graça de Deus. Que possamos dizer como Davi: “Ó SENHOR, tua é a grandeza, o poder, a glória, a vitória e a majestade, porque tudo quanto há no céu e na terra é teu. Ó SENHOR, o reino é teu, e tu te exaltaste como chefe sobre todos” (1Coríntios 29:11).

Tenha uma boa semana em Cristo

Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.
Igreja Batista do Estoril - Bauru -SP

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