23 de novembro de 2014

COMO VIVER BEM DIANTE DO FIM DOS TEMPOS?

Pr. Gilson Jr. - Igreja Batista do Estoril
Bauru - SP

Não tenho dúvidas que estamos vivendo o tempo do fim, pois os sinais da Vinda gloriosa de Cristo estão cada vez mais visíveis. E não falo apenas de guerras e rumores de guerras, pestes, mortes e das mudanças climáticas. Todos aqueles que aguardam com alegria a Parousia (Vinda, presença, aparecimento, advento) de Cristo sabem que o Senhor não falou de um evento metafísico, mas de algo real e evidente, onde “[...] todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram, e todas as tribos da terra se lamentarão por causa dele” (Apocalipse 1:7). Mas enquanto esse dia não chega como devemos viver? O apóstolo Pedro dá instruções preciosas em sua carta.


O apóstolo Pedro cria na Vinda eminente: “Mas já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, tende bom senso e estai alertas em oração” (1Pedro 4:7). O fim aqui é telos, o fim no sentido de conclusão. Essa era a esperança dos primeiros cristãos; por isso eles trabalhavam arduamente na propagação do Evangelho e não tinham receio de perder tudo, inclusive a vida, por causa de Cristo.
Alguns poderiam questionar: “Mas Cristo não veio na era deles. Será que eles não estavam enganados? Será que nós também não estamos enganados em pensar que a Vinda seja em nosso tempo? Não seria a Vinda de Cristo marcada pela morte do crente e sua recepção no céu?”. Essas perguntas são interessantes e precisam ser respondidas.
Primeiramente, os primeiros cristãos não estavam enganados, pois naquele momento da Igreja o maior anseio deles era a implantação do Reino. Entretanto, Jesus nunca disse que viria naquela geração, mas garantiu que sua Vinda seria vista em todo o mundo. Ele deu indicativos (guerras, terremotos, sinais nos céus e na terra, religiosidade efervescente, esfriamento espiritual, apostasia, entre outros), mas foi enfático ao afirmar: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo com poder e grande glória sobre as nuvens do céu” (Mateus 24:30).
Também não estamos enganados em pensar que Sua Vinda seja em nossa geração, pois é essa esperança que deve nos motivar a caminhar nessa Terra. A vida cristã é vivida à luz da eternidade, pois “Se a nossa esperança em Cristo é apenas para esta vida, somos os mais dignos de compaixão entre todos os homens” (1Coríntios 15:19). Como cristãos temos a esperança da ressurreição e a Vinda de Cristo marcará esse evento. Na Vinda de Cristo, “[...] os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” (1Tessalonicenses 4:16).
Por isso Pedro diz que precisamos ter “[...] bom senso e estai alertas em oração”. Bom senso aqui (sôphronêsate) significa “ser mentalmente sóbrio”, dando a conotação de “cabeça fria ou a mente equilibrada”, que exerce autocontrole ou moderação (RIENECKER, ROGERS, 1988, P. 566). Por isso a vida cristã não implica em exageros, seja na busca de riquezas, sucesso humano ou aparente espiritualidade. O cristão é alguém equilibrado, que sabe por que vive neste mundo; o cristão vive unicamente para a glória de Deus (cf. Efésios 1:3-12). Sim, ele não vive à busca de coisas ou sentimentos como se deles necessitasse, mas vive para glorificar Aquele que vive eternamente e que vem buscá-lo.
É por isso que o cristão vigia em oração. E aqui há um detalhe interessante no texto grego, pois literalmente diz: “[...] Sede, pois, sóbrios e vigilantes nas orações” (Bíblia Textual, p. 1256). O vocábulo “vigilante”, que a Almeida Século 21 traduz como “estai alertas” é a palavra grega nêpsate, ou seja, “ser sóbrio, manter a mente limpa, ter autocontrole”. Mas de onde procede esse autocontrole? Da oração. Vemos aqui a mesma conexão feita por Jesus: “Portanto, vigiai, pois não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (Mateus 24:42; cf. 25:13; Marcos 13:33,35,37; Lucas 21:36). A vida cristã nada mais é que um estilo de vida piedoso, que alia sobriedade e autocontrole procedentes da oração. Mas alguém poderia me questionar: “Por que a ênfase na oração? Parece que orar é algo muito passivo”.
Esse é o problema da maioria dos cristãos hoje em dia, pois estão tão desejosos de fazer tantas coisas que se esquecem de que nossas obras são como trapos de imundícia (cf. Isaías 64:6) e que ninguém será justificado por suas obras pessoais (cf. Romanos 4:2-6; 9:32; Gálatas 2:16; 3:11). Não estou falando de que as obras não são importantes, mas apenas pontuando de que, se pensarmos nas nossas obras como algo meritório, estaremos nos igualando aos fariseus da época de Jesus.
A ênfase de Pedro na oração é compreensível à luz do próprio texto. Sem oração fica muito complicado exercer um amor fervoroso e constante, capaz de perdoar os pecados dos outros (4:8); sem oração não dá para ser hospitaleiro sem queixar-se (4:9); sem oração não há serviço que se expresse segundo a multiforme graça de Deus (4:10); sem oração não há pregação da Palavra no poder de Deus e não há atitudes que, de fato, tragam a glória do Senhor (4:11).
O cristão verdadeiro vive à luz da eternidade, de cabeça fria em relação a esse mundo, vivendo de modo sóbrio e em oração, fazendo diferença por onde passa, pois ele caminha aqui olhando o fim da estrada, que acaba nos portais eternos, na Nova Jerusalém onde seu Senhor lhe espera com a coroa da vida.

Tenha uma boa semana em Cristo


Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.

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